|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ATAQUE DO IMPÉRIO
ECONOMIA BOMBARDEADA
Relatórios mostram que custos do conflito elevarão o déficit dos EUA
Curta ou longa, guerra não deveria
gerar tanto otimismo, dizem bancos
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
A Bolsa de Nova York tem subido, o preço do petróleo vem caindo, a expectativa é que seja uma
guerra curta e a história do último
conflito com o Iraque mostra bonança financeira após a batalha.
Mas talvez os investidores estejam
otimistas demais, dizem ao menos dois relatórios divulgados
nesta semana nos EUA.
O banco Morgan Stanley aponta algumas razões principais pelas
quais nem mesmo uma vitória rápida e fácil dos EUA sobre o Iraque vai ajudar tanto assim o mercado financeiro. Entre elas:
1) o terrorismo e a Coréia do
Norte continuarão a ser sinônimos de riscos significativos no
campo geopolítico;
2) a falta de oferta impedirá que
o preço do petróleo caia muito;
3) o mercado está muito otimista em relação ao crescimento global para este ano ("Uma campanha rápida e com "sucesso" não vai
ajudar a economia mundial como
muitos pensam") e também para
2004.
Ademais, há outros motivos para pessimismo com as condições
já estabelecidas para o conflito,
diz o Morgan Stanley. Por exemplo: diferentemente da primeira
Guerra do Golfo, esta terá a conta
(estimada em US$ 57 bilhões para
um combate de um mês) paga sobretudo pelo governo dos EUA,
aumentando seu déficit.
Pende também a incerteza em
relação a prejuízos ao comércio
entre americanos e europeus após
o combate, dadas as divergências
políticas na ONU -algo que, o
texto aponta, é sim uma incerteza,
mas não uma hipótese com grandes chances de se concretizar, na
opinião do banco.
Sem ciclo explosivo
Outro relatório que põe em
perspectiva o otimismo atual foi
elaborado pela consultoria Merrill Lynch. Ele recomenda a seus
clientes aproveitar a euforia do
mercado para vender suas ações.
"Pensamos que ainda há problemas em fundamentos da economia", diz um relatório assinado
por seu estrategista-chefe para os
EUA, Richard Bernstein.
A Merrill Lynch acha que o conflito não vai nem mesmo favorecer a indústria americana. "Não
esperamos nenhum tipo de ciclo
explosivo de investimentos como
resultado do final da guerra", diz
o relatório.
As duas visões caminham no
sentido contrário de um dos argumentos mais utilizados nos últimos dias para justificar os números positivos do mercado: do
ponto de vista histórico, guerra é
algo bom para os mercados.
Isso é mostrado, por exemplo,
em um estudo feito pelo Centro
de Pesquisas sobre Investimento
da corretora Charles Schwab. São
usados três exemplos históricos:
1) Na Segunda Guerra Mundial,
após o ataque a Pearl Harbour,
em dezembro de 1941, o mercado
completava três anos de declínio;
dez meses depois, em outubro, estava completamente recuperado.
2) Em 1962, na crise dos mísseis
cubanos, a recuperação do mundo financeiro levou uma semana.
3) Em 1990, após o Iraque invadir o Kuait, os números foram negativos durante dois meses e
meio. Ao final dos seis meses seguintes, quando os EUA consagravam sua vitória, tudo já havia
voltado aos níveis normais. No
curto prazo, também houve bonança na Guerra do Golfo. Ao fim
dos primeiros 15 dias da entrada
dos EUA no conflito, o índice
S&P 500 subia 16,7%.
Texto Anterior: Painel S/A Próximo Texto: Opep garante fornecimento, e petróleo desaba ainda mais Índice
|