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São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 2003

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TRABALHO

Salário na BA é de R$ 530,00; em SP, R$ 1.500

Greve por equiparação salarial com São Paulo pára Ford na Bahia

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Os trabalhadores da Ford em Camaçari (BA) entraram em greve ontem por tempo indeterminado, reivindicando equiparação salarial com os metalúrgicos que trabalham para a empresa, em São Bernardo do Campo (SP).
De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Bahia, Aurelino Pedreira, a média salarial paga pela Ford aos 1.200 funcionários baianos é R$ 530,00. "Em São Paulo, para executar as mesmas funções, um operário recebe R$ 1.500", acrescentou.
Com a paralisação -a terceira, desde que a Ford foi inaugurada-, cerca de 600 carros deixam de ser produzidos por dia. Ao ser informada que a paralisação atingia todos os setores da fábrica, a diretoria da montadora ofereceu um reajuste de 8,1%, rejeitada pelos operários. "Não queremos receber um índice insignificante de reajuste. Vamos lutar pela equiparação salarial com os colegas de São Paulo", disse Pedreira.
Segundo a diretoria da Ford, os metalúrgicos baianos somente têm direito ao reajuste em julho. No início da noite de ontem, dirigentes sindicais e da empresa estavam reunidos na DRT (Delegacia Regional do Trabalho) da Bahia tentando fechar um acordo para acabar com a paralisação.
Os funcionários da Ford em Camaçari (região metropolitana de Salvador) que foram ontem pela manhã à empresa não entraram para trabalhar.

São Paulo
Os metalúrgicos de São Paulo, representados pela Força Sindical, devem parar empresas do setor de autopeças e de máquinas a partir da próxima quarta-feira por causa do impasse nas negociações sobre a concessão de reajustes antecipados.
A decisão deve ser aprovada no congresso da categoria, que acontece de hoje a domingo no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. Além de definir a paralisação, o congresso deve discutir também propostas da categoria para as reformas previdenciária, trabalhista e tributária.
O Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo informou que não houve acordo ontem nas reuniões com o setor de autopeças e máquinas. "Pediram 60 dias de prazo, mas quem dá prazo são as Casas Bahia, não os metalúrgicos. As empresas querem ganhar tempo, mas, a partir de segunda-feira, vão receber avisos de greve", disse Eleno José Bezerra, presidente do sindicato.
Dos 280 mil trabalhadores representados pela entidade, cerca de 75% atuam nas empresas desses dois setores. A categoria tem data-base em novembro, mas defende a antecipação de reajustes para recuperar as perdas causadas pela inflação nos últimos quatro meses. "Em novembro de 2002, os salários tiveram reajuste de 10,26%, mas, quatro meses depois, a inflação [pelo INPC" chegou a 10,39%."
Já os padeiros de São Paulo conseguiram fechar quatro acordos garantindo a antecipação de reajustes salariais de 10%, parcelados em três vezes.
A categoria, que tem data-base em novembro, é a primeira a conquistar o reajuste dentro da campanha salarial de emergência. Os acordos beneficiam cerca de mil trabalhadores da empresa Cepam e das padarias Ben Hur, Java e Marajá e prevêem participação nos lucros.


Colaborou a Reportagem Local


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