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CGU abre processo para investigar terceirizadas
Contratadas pelo governo estão em nome de laranjas
ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da CGU (Controladoria Geral da União), Jorge
Hage, determinou ontem a
abertura de processo administrativo contra a empresa de locação de mão de obra Higiterc
Higienização e Terceirização.
Como revelou anteontem a Folha, a empresa, que tem contratos com órgãos federais, está
registrada em nome de laranjas
com objetivo de esconder os
seus reais donos.
Desde 2007, a Higiterc recebeu R$ 14 milhões da União.
Neste ano, foi repassado R$ 1,1
milhão à empresa, dos quais R$
980 mil da UnB (Universidade
de Brasília). Se for constatada a
fraude, a Higiterc será declarada inidônea e os contratos em
vigor, suspensos. A CGU também comunicará a Polícia Federal e o Ministério Público Federal para a abertura de investigações criminais.
Outra empresa do mesmo
grupo, a ZL Ambiental, que
também utilizou laranjas, foi
decretada inidônea semana
passada, suspeita de fraudar licitações. Desde 2005, a ZL já
abocanhou contratos no valor
de R$ 140 milhões, sendo uma
das maiores empresas de terceirização de serviços do governo. Agora, está proibida de receber recursos federais.
A CGU vai chamar para depor os "donos" da Higiterc Elias
Gomes Araújo e Marta Pereira
dos Santos. Documentos obtidos pela Folha mostram que os
dois são ex-funcionários da ZL
e, meses antes de se tornarem
"empresários", ganhavam salários de R$ 508,32 e R$ 869,68,
respectivamente.
A controladoria também investiga os verdadeiros donos
das empresas. As pistas apontam para dois irmãos de Belo
Horizonte que já foram donos
de outras empresas do ramo,
que tiveram desfecho comum:
todas quebraram, deixando dívidas trabalhistas de herança
para o poder público.
Recentemente, a Higiterc fechou três novos contratos com
o TCU (Tribunal de Contas da
União), no valor de R$ 2 milhões. O tribunal informou que,
se a empresa for declarada inidônea, romperá unilateralmente os contratos.
A ZL e a Higiterc já tiveram
três sócios em comum, prática
que, por si só, já é condenada
pelo ministro Hage. "Não vamos tolerar. O Superior Tribunal de Justiça, em caso semelhante, já entendeu que constitui abuso e fraude à lei a constituição de novas empresas, com
os mesmos sócios, para substituir outra declarada inidônea."
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