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Obra poderá incluir até derrotados no leilão
Para o governo, consórcio que construirá Belo Monte terá formação diferente do que venceu licitação da usina ontem
Expectativa é que grupo inclua novos sócios e outras empreiteiras subcontratadas; vitória do consórcio da Chesf surpreendeu o Planalto
VALDO CRUZ
LEILA COIMBRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Logo depois de o consórcio liderado pela estatal Chesf, pela
Queiroz Galvão e pelo grupo
Bertin ganhar o leilão de Belo
Monte, o governo Lula já avaliava que haverá negociações
para a formação definitiva do
grupo que tocará o projeto, que
pode envolver até empresas
que saíram derrotadas.
A Folha ouviu de dois auxiliares diretos do presidente Lula que a expectativa é que o
consórcio vencedor busque novos sócios e subcontrate outras
empreiteiras para construir a
usina. Em outras palavras, o
consórcio final será diferente
daquele que ganhou oficialmente a disputa ontem.
"A obra é muito grande, tem
espaço para todo mundo", disse um dos assessores de Lula,
que aposta na possibilidade de
as empreiteiras Camargo Corrêa e Odebrecht negociarem
com o consórcio vencedor para
tocarem as obras de engenharia civil da usina.
As duas empreiteiras haviam
desistido de participar do leilão
por não concordarem com o
preço máximo de R$ 83 para a
energia de Belo Monte e negociavam, nos bastidores, para integrar o consórcio liderado pela Andrade Gutierrez -que era
considerado pelo mercado o favorito na disputa.
Dentro do próprio governo, a
avaliação é que o resultado surpreendeu porque o grupo encabeçado pela Andrade estava
mais bem estruturado para o
leilão, contando com autoprodutores de energia importantes, como Vale e Votorantim.
A equipe de Lula trabalha
ainda com a informação de que
Cemig, Suez e os fundos de
pensão Funcef e Petros também irão negociar com os vencedores, classificados no mercado como "azarões" por terem
se formado de última hora.
Também demonstraram interesse em se associar ao grupo
vencedor algumas empresas
autoprodutoras de energia, como CSN, Braskem e Gerdau
(que usarão a produção da usina para consumo próprio).
O governo quer evitar classificar publicamente o consórcio
vencedor como um "azarão" ou
surpresa para não colocar em
dúvida a construção da usina.
Além disso, trabalha com a expectativa de negociações entre
as empresas para dar mais
"musculatura" ao grupo vencedor, segundo definição de um
assessor de Lula. "O empreendimento é muito grande. Todo
mundo espera que o consórcio
vencedor, no mínimo, subcontrate outras empreiteiras",
afirmou à Folha esse auxiliar.
Preocupado com a construção da usina, o governo já havia
decidido que a Eletronorte iria
integrar o consórcio vencedor
e seria a operadora da usina. A
empresa é considerada a estatal que detém mais conhecimento da obra, por ter sido a
responsável pelos estudos de
viabilidade da usina.
Os dois consórcios, por sinal,
disputavam a estatal. Inicialmente, o governo chegou a decidir incluir a Eletronorte no
consórcio liderado por Queiroz
Galvão e Bertin exatamente
para fortalecê-lo. Recuou depois de pressões da Andrade
Gutierrez. Apenas a entrada da
Eletronorte já provocará mudanças na composição do consórcio. Na inscrição, a estatal
Chesf ficaria com 49,9% do
grupo. Agora, a Eletronorte ficará com 30% a 35% do consórcio, e a Chesf, com o percentual restante, para completar
os 49,9% que ficarão com as
subsidiárias da Eletrobras.
Além disso, as empresas de
engenharia tinham um total de
40% na composição do grupo.
Pelas regras do edital, na assinatura do contrato, esse percentual terá de ser de até 20%.
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