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PRÓS E CONTRAS
Affonso Celso Pastore destaca que câmbio desvalorizado deprime consumo interno ao aumentar preços
Real fraco eleva exportação e reduz salário
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Câmbio desvalorizado é bom
para exportações. Mas ajuda a
derrubar os salários dos brasileiros e pode conduzir a uma contração de consumo e investimentos que retardariam o crescimento PIB (Produto Interno Bruto).
Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central, diz que é
irrefutável que câmbio desvalorizado estimula as exportações e o
aumento do saldo comercial. Por
outro lado, afirma ele, um câmbio
subvalorizado tem efeitos sobre o
consumo ao promover uma mudança de preços relativos.
O argumento de Pastore: as exportações são estimuladas por
câmbio real desvalorizado porque os preços recebidos pelos
produtores elevam-se em relação
aos custos. Ou seja, entre outras
razões, porque a relação câmbio/
salários se eleva. "Relação câmbio/salário mais elevada significa
salário real mais baixo, o que contrai o consumo", escreve no texto
"Estabilidade e Crescimento", em
parceira com a economista Maria
Cristina Pinotti.
Pastore afirma que, embora não
haja evidências de que desvalorizações contraiam as economias,
no Brasil, o histórico mostra que o
consumo em proporção ao PIB
cai em períodos de desvalorização
cambial e o mesmo ocorre com a
taxa de investimentos, retardando o crescimento do PIB.
O economista argumenta ainda
que desvalorização cambial (e a
produção de superávits) somente
permite reduzir a vulnerabilidade
externa se o governo adotar uma
rígida política fiscal -o que estimularia o ingresso de investimento externo, criando condições para a expansão da economia.
Ricardo Carneiro, diretor do
Centro de Estudos de Conjuntura
e Política Econômica da Unicamp, diz que, se considerado que
o principal entrave da economia
brasileira é fiscal, o ex-presidente
do BC tem razão ao assinalar efeitos de um câmbio subvalorizado
sobre produção de bens não-exportáveis e sobre o consumo da
população. "O problema é que esse argumento só é verdadeiro se a
economia não tiver restrição externa", diz Carneiro. Significaria o
país conseguir atrair capitais suficientes para dispensar a necessidade de um superávit comercial
elevado o bastante para fechar o
balanço de pagamentos.
Pelo menos, na visão de Pastore,
não haveria escassez de capitais se
os fundamentos da economia (rigidez fiscal) estivessem corretos.
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