São Paulo, sexta-feira, 21 de maio de 2004

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Não há "gordura para queimar", afirma Dutra

RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK

O presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, afirmou em Nova York discordar de "algumas análises" que defendem que a empresa "construiu um colchão" no ano passado, ao não reduzir os preços internos após baixa no mercado internacional, e que agora teria "gordura para queimar".
Segundo essas análises, o "colchão" permitiria que os preços do mercado brasileiro de derivados de petróleo não acompanhassem agora os internacionais, caso eles permaneçam num "novo patamar", acima de US$ 40 o barril.
Segundo Dutra, "a Petrobras pretende continuar com sua política de preços, coerente com um regime de mercado aberto", emendando que, após "40 anos de controle de preços", há "uma certa inércia cultural no país, que tem dificuldade de considerar o petróleo uma commodity como qualquer outra". As adaptações às flutuações internacionais, declarou, valem "tanto para cima quanto para baixo".
Ele reafirmou, no entanto, que a empresa só fará modificações nos preços internos se considerar que a atual alta do preço do petróleo deve perdurar e "o preço acima de US$ 40 se consolidar como um novo patamar internacional".
"Em relação ao diesel, à gasolina e ao GLP [gás de cozinha], temos procurado, ao longo do ano, manter uma aderência do preço do mercado internacional ao preço do Brasil. O que não significa que nós repassemos para o consumidor no Brasil, automaticamente, a mesma volatilidade que tem os produtos no mercado internacional", afirmou.
Dutra declarou não haver "uma fórmula" para avaliar tal patamar. "Estamos acompanhando o preço do mercado internacional. Está acima de US$ 40 há menos de dez dias. Estamos acompanhando dia a dia a evolução desses preços e aguardando para verificar se se consolida um novo patamar dos preços do petróleo."
Sobre o suposto "colchão" construído em 2003 disse que "as coisas não se dão dessa maneira". "Ao longo do ano passado, em alguns momentos o preço esteve acima, o preço esteve abaixo, e ao longo do ano houve uma certa aderência entre os dois preços [internacional e local]", declarou.
O presidente da Petrobras, que hoje viaja para a China, disse que, ao analisar a possibilidade de repasses de preços, está pensando "no interesse dos acionistas".


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