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Decisão é prorrogação, diz analista
VANESSA ADACHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Na avaliação de especialistas em
telecomunicações consultados
pela Folha, a Anatel jogou no lixo
as regras do setor ao decretar a intervenção na CRT.
Isso porque a intervenção funcionará na verdade como uma
prorrogação dos prazos para que
a Telefônica e a Brasil Telecom
continuem negociando a transferência da empresa.
A Anatel decidiu que, embora a
partir de agora a CRT esteja sob
intervenção governamental pelo
prazo de 180 dias, esse período
poderá ser suspenso a qualquer
momento se a Telefônica chegar a
um acordo para vender a CRT para a Brasil Telecom.
Na opinião de analistas, o prazo
é mais do que suficiente para que
haja um acordo sobre o valor a ser
pago pela CRT e o negócio seja
concluído.
Se houver mesmo o acordo, como prevê o mercado, as três empresas saem beneficiadas do episódio.
Prejuízo
Se a intervenção fosse mesmo
para valer ou se não houvesse
acordo nos próximos seis meses
apesar da flexibilidade da Anatel,
as três empresas seriam prejudicadas.
A Telefônica, porque deixaria
de receber um valor elevado pela
venda da CRT.
Os valores até agora discutidos
com a Brasil Telecom giraram em
torno de US$ 600 milhões a US$
850 milhões. Se o governo mantiver a intervenção e vender a CRT
com base em seu valor patrimonial, como sinalizou a Anatel, o
dinheiro a ser recebido pela Telefônica poder cair para um terço
disso.
Hoje, o valor patrimonial da
CRT é de R$ 1,4 bilhão, mas o que
está em jogo são apenas 31% das
ações.
A CRT também seria prejudicada pelo fato de estar sendo gerida
por um prazo relativamente longo pelo governo.
O raciocínio é que um administrador privado tende a ser mais
eficiente na função.
Com o governo, a CRT pode ficar desorientada estrategicamente por um bom período.
Já para a Brasil Telecom o efeito
negativo está relacionado com o
impedimento de prosseguir com
seus projetos na região como pretendia.
Ou seja, a empresa poderia até
comprar a CRT por um preço
mais baixo em um eventual leilão,
mas até lá teria seus planos congelados.
Para analistas, uma intervenção
para valer poderia ter tido um
efeito positivo sobre a imagem do
país. Seria uma demonstração de
firmeza do governo com relação
ao cumprimento das regras que
regem a abertura do setor de telecomunicações.
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