São Paulo, quarta-feira, 21 de junho de 2000


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Decisão é prorrogação, diz analista

VANESSA ADACHI
DA REPORTAGEM LOCAL

Na avaliação de especialistas em telecomunicações consultados pela Folha, a Anatel jogou no lixo as regras do setor ao decretar a intervenção na CRT.
Isso porque a intervenção funcionará na verdade como uma prorrogação dos prazos para que a Telefônica e a Brasil Telecom continuem negociando a transferência da empresa.
A Anatel decidiu que, embora a partir de agora a CRT esteja sob intervenção governamental pelo prazo de 180 dias, esse período poderá ser suspenso a qualquer momento se a Telefônica chegar a um acordo para vender a CRT para a Brasil Telecom.
Na opinião de analistas, o prazo é mais do que suficiente para que haja um acordo sobre o valor a ser pago pela CRT e o negócio seja concluído.
Se houver mesmo o acordo, como prevê o mercado, as três empresas saem beneficiadas do episódio.

Prejuízo
Se a intervenção fosse mesmo para valer ou se não houvesse acordo nos próximos seis meses apesar da flexibilidade da Anatel, as três empresas seriam prejudicadas.
A Telefônica, porque deixaria de receber um valor elevado pela venda da CRT.
Os valores até agora discutidos com a Brasil Telecom giraram em torno de US$ 600 milhões a US$ 850 milhões. Se o governo mantiver a intervenção e vender a CRT com base em seu valor patrimonial, como sinalizou a Anatel, o dinheiro a ser recebido pela Telefônica poder cair para um terço disso.
Hoje, o valor patrimonial da CRT é de R$ 1,4 bilhão, mas o que está em jogo são apenas 31% das ações.
A CRT também seria prejudicada pelo fato de estar sendo gerida por um prazo relativamente longo pelo governo.
O raciocínio é que um administrador privado tende a ser mais eficiente na função.
Com o governo, a CRT pode ficar desorientada estrategicamente por um bom período.
Já para a Brasil Telecom o efeito negativo está relacionado com o impedimento de prosseguir com seus projetos na região como pretendia.
Ou seja, a empresa poderia até comprar a CRT por um preço mais baixo em um eventual leilão, mas até lá teria seus planos congelados.
Para analistas, uma intervenção para valer poderia ter tido um efeito positivo sobre a imagem do país. Seria uma demonstração de firmeza do governo com relação ao cumprimento das regras que regem a abertura do setor de telecomunicações.


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