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Brizola estatizou empresa em 60
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
A venda da CRT (Companhia
Riograndense de Telecomunicações) envolve mais do que o gerenciamento de uma empresa estratégica avaliada em mais de US$
1 bilhão.
A trajetória da empresa, cujas
raízes remontam ao fim do século
passado, quando foi inaugurado o
centro telefônico de Porto Alegre,
se confunde com a própria história do Estado do Rio Grande do
Sul.
Não por acaso, a novela da venda da CRT, primeira operadora
com centrais telefônicas modernas do país, tomou ares de discussão apaixonada no Estado.
O ponto mais marcante da trajetória da empresa foi 30 de dezembro de 1960, quando o então
governador Leonel Brizola sancionou a Lei de Retomada dos
Serviços Telefônicos, pela qual o
Estado passou a subscrever 51%
das ações da empresa.
Até então, a CRT (conhecida como CTN, Companhia Telefônica
Riograndense), era uma subsidiária da norte-americana ITT.
Em 16 de fevereiro de 1962, a estatização foi completada com o
decreto 13.186, que encampou todos os serviços prestados até então pela CTN.
Surgiu, então, os Serviços Telefônicos Retomados. O Estado tinha, na época, 30.534 terminais
instalados.
A estatização virou uma marca
da gestão Brizola, lembrada até na
campanha de 1998, quando o então ministro das Comunicações,
Luiz Carlos Mendonça de Barros,
citou o gesto como um suposto
""arcaísmo" do então candidato a
vice-presidente.
Privatização
A privatização começou a ser
discutida nos anos 90.
A empresa espanhola Telefónica montou o consórcio TBS (Tele
Brasil Sul) em parceria com Portugal Telecom, Iberdrola, banco
Bilbao Vizcaya, RBS e telefônicas
do Chile e da Argentina e comprou a estatal em duas fases.
Em dezembro de 1996, foram
arrematados 35% do seu capital
por R$ 681 milhões. Na segunda,
em junho de 1998, o restante das
ações foi adquirido por R$ 1,17 bilhão.
Em junho de 1998, porém, a Telefónica adquiriu a Telesp, de São
Paulo, o que a impossibilitou de
se manter como majoritária na
CRT.
Em 18 meses, ela deveria se desfazer da companhia telefônica
gaúcha. Das empresas interessadas na compra, restou apenas a
Brasil Telecom (antiga Tele Centro Sul) como habilitada.
As negociações se arrastavam
até ontem, devido ao impasse
existente entre os acionistas da
Brasil Telecom quanto ao valor a
ser proposto pela compra da ex-estatal.
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