São Paulo, quarta-feira, 21 de junho de 2000


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Brizola estatizou empresa em 60

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

A venda da CRT (Companhia Riograndense de Telecomunicações) envolve mais do que o gerenciamento de uma empresa estratégica avaliada em mais de US$ 1 bilhão.
A trajetória da empresa, cujas raízes remontam ao fim do século passado, quando foi inaugurado o centro telefônico de Porto Alegre, se confunde com a própria história do Estado do Rio Grande do Sul.
Não por acaso, a novela da venda da CRT, primeira operadora com centrais telefônicas modernas do país, tomou ares de discussão apaixonada no Estado.
O ponto mais marcante da trajetória da empresa foi 30 de dezembro de 1960, quando o então governador Leonel Brizola sancionou a Lei de Retomada dos Serviços Telefônicos, pela qual o Estado passou a subscrever 51% das ações da empresa.
Até então, a CRT (conhecida como CTN, Companhia Telefônica Riograndense), era uma subsidiária da norte-americana ITT.
Em 16 de fevereiro de 1962, a estatização foi completada com o decreto 13.186, que encampou todos os serviços prestados até então pela CTN.
Surgiu, então, os Serviços Telefônicos Retomados. O Estado tinha, na época, 30.534 terminais instalados.
A estatização virou uma marca da gestão Brizola, lembrada até na campanha de 1998, quando o então ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, citou o gesto como um suposto ""arcaísmo" do então candidato a vice-presidente.

Privatização
A privatização começou a ser discutida nos anos 90.
A empresa espanhola Telefónica montou o consórcio TBS (Tele Brasil Sul) em parceria com Portugal Telecom, Iberdrola, banco Bilbao Vizcaya, RBS e telefônicas do Chile e da Argentina e comprou a estatal em duas fases.
Em dezembro de 1996, foram arrematados 35% do seu capital por R$ 681 milhões. Na segunda, em junho de 1998, o restante das ações foi adquirido por R$ 1,17 bilhão.
Em junho de 1998, porém, a Telefónica adquiriu a Telesp, de São Paulo, o que a impossibilitou de se manter como majoritária na CRT.
Em 18 meses, ela deveria se desfazer da companhia telefônica gaúcha. Das empresas interessadas na compra, restou apenas a Brasil Telecom (antiga Tele Centro Sul) como habilitada.
As negociações se arrastavam até ontem, devido ao impasse existente entre os acionistas da Brasil Telecom quanto ao valor a ser proposto pela compra da ex-estatal.


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