|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Risco mede humor do mercado internacional
DA REPORTAGEM LOCAL
O índice de risco-país medido
pelo JP Morgan é um indicador
diário do humor do mercado internacional em relação aos papéis
de um determinado país. Ele mede, por meio dos preços pagos pelos títulos emitidos pelo governo e
empresas de um país, qual a diferença entre os juros pagos por estes papéis e os pagos pelos títulos
do governo norte-americano.
Quando o JP Morgan afirma
que o risco-país num determinado dia é de mil pontos, isso significa que, naquele dia, o preço dos
papéis está embutindo uma taxa
de juros 10 pontos percentuais
maior do que a paga pelos EUA.
Como todos os títulos emitidos
por empresas e outros países, os
títulos brasileiros são negociados
no mercado. Quando a procura
por estes títulos aumenta, sobe o
preço do papel. Quando há mais
investidores querendo vendê-los
e menor procura, o preço cai.
Estas oscilações de preço são
usadas para calcular o risco. O JP
Morgan acompanha a variação de
vários títulos públicos e privados
do Brasil. O principal título é o C-Bond, que tem um peso relativamente grande. Quando o preço
do C-Bond cai, o risco-país sobe.
O valor dos títulos pode mudar
por várias razões: pode haver desconfiança de que haverá um calote, uma crise em outro país emergente pode causar uma fuga de investidores, ou mesmo as políticas
de investimento dos bancos, que
podem decidir vender os títulos
quando o seu valor está alto, podem fazer o valor do papel oscilar.
Uma alta do risco-país pode não
ter consequências práticas imediatas. Se o governo e as empresas
não precisam renovar empréstimos ou captar dinheiro quando o
risco é alto, uma elevação do risco
não significa que o governo não
poderá pagar a dívida. Mas se há a
necessidade de ir ao mercado
buscar dinheiro, tanto as empresas quanto o governo terão que
pagar juros mais altos.
O indicador de risco-país tem,
no entanto, um impacto na expectativa dos investidores. Eles
podem, por exemplo, avaliar que
o risco continuará subindo e que,
portanto, com os investidores internacionais cobrando juros muito altos, as empresas e governo
brasileiros terão que pagar caro
para renovar sua dívida externa.
Se esta percepção for generalizada, operadores começam a pensar que o dólar irá subir, porque o
volume de captações e renovação
de dívidas será menor, e, portanto, menos dólares entrarão na
economia. Para se proteger de
uma suposta alta futura da moeda, as pessoas compram o dólar,
fazendo o real se desvalorizar antes mesmo que o fluxo de dólares
entrando na economia diminua.
O risco-país, no entanto, não é
uma medida da capacidade do
país de pagar ou não sua dívida.
Ele só diz qual a percepção do
mercado num determinado dia.
Um resultado de pesquisa de intenção de voto, por exemplo, apesar de não mudar em nada as condições econômicas brasileiras,
pode fazê-lo desabar ou subir
muito em poucas horas.
(MARCELO BILLI)
Texto Anterior: Agência de risco rebaixa nota da dívida brasileira Próximo Texto: Frases Índice
|