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MERCADO EM TRANSE
Perspectivas de notas de vários bancos caem
Agência de risco rebaixa nota da dívida brasileira
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de ter sua perspectiva de
classificação rebaixada pela agência Moody"s logo pela manhã, o
Brasil chegou ontem ao descofortável segundo lugar na lista das
nações consideradas mais arriscadas por investidores externos. Para piorar a situação, depois do fechamento do mercado, a agência
inglesa Fitch IBCA reduziu a nota
da dívida soberana brasileira.
A aversão de investidores externos levou o risco-país a subir
15,3% e a atingir 1.593 pontos,
maior nível desde 27 de janeiro de
1999, logo depois da desvalorização do real. Com esse movimento, o risco-país brasileiro-que
reflete os juros cobrados por investidores para emprestar dinheiro ao governo-ultrapassou o da
Nigéria (1.584) e agora só perde
para o da Argentina (6.062).
A deterioração da situação aumentou de manhã com a decisão
da Moody"s de rebaixar de estável
para negativa sua perspectiva de
classificação de risco das dívidas
interna e externa brasileiras. À
tarde veio uma nova bomba: a
Moody"s também anunciou a piora de perspectiva de estável para
negativa dos depósitos em moeda
estrangeira e das dívidas externas
de bancos importantes que que
atuam no país, como Bradesco,
Itaú, Unibanco e BankBoston.
Há cerca de um mês, a agência
norte-americana já havia reduzido suas perspectivas para Brasil
de positivas para estáveis.
Depois da mudança anunciada
ontem, o próximo passo da agência deverá ser o rebaixamento das
próprias notas de bancos, empresas e dos governos estaduais e federal brasileiros.
A medida tomada ontem pela
Moody"s já sinalizou, segundo
analistas, uma preocupação com
a capacidade de o país honrar
seus empréstimos.
Esse temor foi reforçado no fim
do dia, depois do fechamento do
mercado, quando a agência Fitch
IBCA tomou um passo ainda
mais drástico que o da Moody"s,
ao rebaixar sua classificação da
dívida soberana do governo brasileiro de BB- para B+.
A expectativa de analistas é que
esse rebaixamento acentue ainda
mais hoje a tendência de venda
dos títulos da dívida externa brasileira por parte de investidores
externos. Ontem, esse movimento levou os C-Bonds, títulos da dívida mais negociados no exterior,
a se desvalorizar 6,3%.
Apesar de ser o país que mais
tem apanhado de investidores externos recentemente, o Brasil não
está sozinho. Outros países emergentes, principalmente os latino-americanos, também estão sofrendo altas em seus riscos soberanos. Segundo analistas, o movimento reflete uma menor disposição de investidores para investir
na região. Essa aversão se acentuou quando empresas norte-americanas anunciaram anteontem piores perspectivas de lucros
para este ano. Para evitar perdas
ainda maiores, os investidores
preferiram se livrar de ativos arriscados, como títulos da dívida
externa de países latino-americanos.
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