São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 2002

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MERCADO EM TRANSE

Volume de empréstimos ao Brasil cai de U$ 4,7 bi para U$ 2,9 bi no primeiro semestre

Seca crédito externo para o setor privado

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

A contração do crédito privado ao Brasil começa a ganhar números. Desde janeiro, bancos internacionais emprestaram ao setor privado brasileiro US$ 1,8 bilhão abaixo do total registrado no mesmo período do ano passado.
Esse cálculo é da Loan Pricing Corporation, empresa norte-americana que fornece informações à Wall Street e que teve acesso a dados das operações de instituições financeiras.
O volume de novos empréstimos ao Brasil caiu de U$ 4,7 bilhões para U$ 2,9 bilhões entre os primeiros semestres de 2001 e de 2002 (contado até ontem). Para a América Latina, essa redução foi ainda mais drástica: caiu de US$ 17,32 bilhões para US$ 4,75 bilhões.
O levantamento, que envolve novos empréstimos e refinanciamentos (rolagens), é apenas um dos indícios da fuga de recursos estrangeiros da América Latina e do Brasil nas últimas semanas.

Para a Ásia
Ao medir exclusivamente o comportamento de fundos de investimentos especializados em mercados emergentes, outras empresas de assessoria nos EUA - como a AMG - concluíram ainda que cerca de US$ 100 milhões foram retirados da América Latina somente em junho - grande parte desse valor foi para mercados emergentes asiáticos, que tiveram resultado líquido positivo de US$ 2,8 milhões na última semana.
Os números mostram que o México, antes visto por investidores como uma ilha de segurança em meio a turbulências, também está sendo afetado pelas turbulências. Sem divulgar números específicos, a empresa "eMergingPortfolio.com", que assessora o banco Salomon Smith Barney, informou que os fundos mútuos tiraram recursos tanto do Brasil quanto do México no último mês.

"Hedge funds"
Esses levantamentos não incluem as operações de "hedge funds", fundos de proteção que normalmente são mais ousados, especulativos e que guiam o resto dos mercados.
Alguns especialistas em Nova York estão começando a concluir estudos para mapear o cronograma da recente fuga de recursos da América Latina. Eles pretendem identificar como e quem deu início à venda de ativos na região.
O levantamento poderá esclarecer qual foi o grau de espontaneidade do fluxo de recursos para fora da América Latina e indicar se houve movimentos unicamente especulativos.



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