São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 2002

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Para Barclays, Colômbia é melhor do que Brasil

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de duas semanas no país, o estrategista-chefe para mercados emergentes do banco Barclays em Nova York, José Barrionuevo, levará para Wall Street uma visão pessimista da crise no mercado local, apesar de ter avaliação positiva dos fundamentos da economia brasileira.
Barrionuevo vai recomendar aos clientes do banco que vendam papéis da dívida externa brasileira e que comprem -com parte do investimento que sobrar- títulos do Equador e da Colômbia.
Para ele, a turbulência no mercado financeiro será tão forte que favorecerá o candidato governista José Serra (PSDB), que venceria o presidenciável petista, Luiz Inácio Lula da Silva, no segundo turno. "O povo brasileiro é muito conservador. À medida que a eleição se aproximar, a volatilidade [dólar, risco-país e juros no mercado futuro" vai aumentar ainda mais. As pessoas ficarão com medo de perder as conquistas alcançadas pelo atual governo", disse ele à Folha, em Brasília.
Barrionuevo veio ao Brasil para colher impressões sobre a economia brasileira. Conversou com integrantes da equipe econômica (Ministério da Fazenda e Banco Central), congressistas e executivos do mercado financeiro. Segundo ele, as opiniões não diferiram muito. "Todos acham que a crise é eminentemente política."
Mexicano, há 15 anos nos Estados Unidos, Barrionuevo é um especialista em mercados emergentes. Trabalhou por quatros anos no departamento de pesquisas do FMI (Fundo Monetário Internacional), assessorou a Secretaria de Fazenda mexicana e, antes do Barclays, passou pela Lehman Brothers e pelo Chase Manhattan.
Em sua opinião, as medidas adotadas recentemente pelo governo -saque de US$ 10 bilhões do FMI e aumento das reservas para intervir no dólar, entre outras- são boas, mas não suficientes para trazer o mercado à normalidade. Ele teme que o BC possa ser obrigado a elevar os juros mais na frente.
"O mercado só acalmaria se Lula desse demonstrações mais concretas de comprometimento com a estabilidade econômica. Ele precisaria anunciar os integrantes de sua equipe, pelo menos o ministro da Fazenda e o presidente do Banco Central."
Em sua opinião, se Lula fizesse isso, teria mais chances de vencer o candidato tucano.



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