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Para Barclays, Colômbia é melhor do que Brasil
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de duas semanas no país, o estrategista-chefe para mercados emergentes do banco Barclays em Nova York, José Barrionuevo, levará para Wall Street
uma visão pessimista da crise no mercado local, apesar de ter avaliação positiva dos fundamentos da economia brasileira.
Barrionuevo vai recomendar aos clientes do banco que vendam papéis da dívida externa brasileira e que comprem -com parte do investimento que sobrar- títulos
do Equador e da Colômbia.
Para ele, a turbulência no mercado financeiro será tão forte que favorecerá o candidato governista José Serra (PSDB), que venceria o presidenciável petista, Luiz Inácio Lula da Silva, no segundo turno. "O povo brasileiro é muito conservador. À medida que a eleição
se aproximar, a volatilidade [dólar, risco-país e juros no mercado
futuro" vai aumentar ainda mais.
As pessoas ficarão com medo de
perder as conquistas alcançadas
pelo atual governo", disse ele à
Folha, em Brasília.
Barrionuevo veio ao Brasil para
colher impressões sobre a economia brasileira. Conversou com integrantes da equipe econômica
(Ministério da Fazenda e Banco
Central), congressistas e executivos do mercado financeiro. Segundo ele, as opiniões não diferiram muito. "Todos acham que a
crise é eminentemente política."
Mexicano, há 15 anos nos Estados Unidos, Barrionuevo é um especialista em mercados emergentes. Trabalhou por quatros anos
no departamento de pesquisas do
FMI (Fundo Monetário Internacional), assessorou a Secretaria de
Fazenda mexicana e, antes do
Barclays, passou pela Lehman
Brothers e pelo Chase Manhattan.
Em sua opinião, as medidas
adotadas recentemente pelo governo -saque de US$ 10 bilhões
do FMI e aumento das reservas
para intervir no dólar, entre outras- são boas, mas não suficientes para trazer o mercado à normalidade. Ele teme que o BC possa ser obrigado a elevar os juros
mais na frente.
"O mercado só acalmaria se Lula desse demonstrações mais concretas de comprometimento com
a estabilidade econômica. Ele precisaria anunciar os integrantes de
sua equipe, pelo menos o ministro da Fazenda e o presidente do
Banco Central."
Em sua opinião, se Lula fizesse isso, teria mais chances de vencer
o candidato tucano.
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