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Investimento de estatal não será despesa
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A equipe econômica brasileira negociou com o FMI (Fundo Monetário Internacional) uma mudança no atual acordo que vai permitir aos próximos governos a
liberação dos investimentos das empresas estatais sem que isso
afete as metas de superávit primário (receitas menos despesas, exceto juros) do setor público.
Até agora, o FMI tratava os investimentos das estatais como
gastos correntes. Um gasto que
poderia elevar a capacidade de
produção da empresa era registrado da mesma forma que a despesa com material de escritório,
por exemplo. Inicialmente, essa
regra valerá só para a Petrobras.
Segundo o secretário-executivo
do Ministério da Fazenda, Amaury Bier, embora a novidade tenha
sido incorporada ao acordo, os
técnicos decidiram limitar os seus
efeitos em relação às metas fiscais
já programadas para 2002 por
causa das "circunstâncias".
Segundo Bier, com a mudança o
governo poderia sugerir uma modificação da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2002, reduzindo o
superávit previsto para o governo
federal e empresas estatais.
Mas ele explicou que isso poderia provocar uma "leitura errada"
por parte do mercado. Recentemente, o governo anunciou que
vai, pelo contrário, se responsabilizar por um aumento do superávit do setor público (governo federal, Estados, municípios e estatais) de 3,5% do PIB (Produto Interno Bruto) para 3,75%.
A mudança incluída no acordo
com o FMI também ficou restrita
aos investimentos feitos pela Petrobras. "Os investimentos feitos
pela empresa têm uma boa taxa
de retorno", justificou Bier.
No acordo, a meta de superávit
do setor público acumulado entre
janeiro e setembro é de R$ 34,1 bilhões. Mas essa meta será reduzida em até R$ 3,1 bilhões se a Petrobras alcançar um superávit de
R$ 10,6 bilhões em suas contas.
Ou seja, o cálculo pressupõe investimentos de R$ 7,5 bilhões.
O restante do setor público
-União, Estados, municípios e
outras estatais- ficam com o
compromisso de gerar, no mínimo, R$ 31 bilhões de superávit.
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