São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 2002

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BANCOS

Nelson Sakagushi, envolvido no caso Noroeste, teve extradição requisitada

Acusado de fraude pode ir para Suíça

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

O procurador-assistente do Estado de Nova York pediu anteontem a extradição do brasileiro Nelson Sakagushi para a Suíça. No documento, acusa o ex-diretor internacional do extinto Banco Noroeste de fraude, quebra de confiança e lavagem de dinheiro.
No pedido, entregue ao juiz federal Theodore H. Katz, em Manhattan, David L. Jaffe diz estar agindo em nome do governo suíço, que tem um mandado de prisão para Sakagushi datado de fevereiro do ano passado e emitido em Genebra. Se condenado, ele pode pegar até dez anos de prisão.
De acordo com investigações feitas por autoridades suíças, afirma o procurador, "há razões para crer que o fugitivo é responsável em parte pela transferência fraudulenta de pelo menos US$ 212 milhões do Banco Noroeste, no Brasil, para contas na Suíça e em outras partes do mundo, entre pelo menos o começo de 1995 e janeiro de 1998".
Procurado por telefone durante toda a tarde de ontem, o advogado do brasileiro, Steven Statsinger, apontado gratuitamente pelo governo dos EUA, não atendeu a reportagem. Segundo o Consulado do Brasil em Nova York, não há pedidos das autoridades brasileiras em relação a Sakagushi.
Não foi revelado onde o brasileiro se encontra preso, mas assessores no Consulado da Suíça em Nova York disseram que, nesses casos, o mais comum é a polícia alfandegária realizar a prisão e encaminhar o detido para o Serviço de Imigração e Naturalização (INS, na sigla em inglês).
Casado, 55 anos, com três filhos, Sakagushi foi indiciado pela Polícia Federal no inquérito que apura a maior fraude do sistema financeiro nacional, totalizando US$ 242 milhões. Entre 1995 e 1998, pequenas remessas foram enviadas para agências bancárias em Nova York e desviadas para mais de 150 contas distribuídas em mais de 20 países, entre eles Inglaterra e Suíça. O dinheiro nunca foi recuperado.
Na declaração financeira que fez ao ser preso anteontem nos EUA, o brasileiro se declara autônomo, diz não ganhar nada por mês e afirma ter recebido apenas US$ 600 no último ano, como "pensão". Declara ainda que o salário da mulher é de US$ 380.
Apesar disso, o endereço fornecido por ele na cidade é o do luxuoso Stanhope Hotel, na Quinta Avenida, de frente para o Central Park de Manhattan, cujas diárias vão de US$ 350 a US$ 1.400.



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