São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 2002

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MERCADO EM TRANSE

Manifestantes param Buenos Aires por ajuda internacional rápida, mais emprego e salário

Argentinos voltam às ruas contra o FMI

JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES

Milhares de argentinos voltaram a paralisar a cidade de Buenos Aires ontem com a realização de diversos atos em protesto contra as exigências feitas pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) ao governo. As manifestações aconteceram no mesmo dia em que a missão do Fundo que está no país concluiu seus trabalhos.
O protesto mais importante aconteceu na praça de Maio (região central de Buenos Aires), onde pelo menos 10 mil desempregados, trabalhadores estatais e militantes de esquerda se reuniram para reivindicar uma ajuda internacional rápida à Argentina, aumentos salariais e a criação de novos postos de trabalho.
Outro grupo liderado pelo deputado comunista Luis Zamora se reuniu em frente ao hotel onde até ontem estavam hospedados os técnicos da missão do FMI chefiada pelo britânico John Thornton. A polícia impediu o ingresso dos manifestantes no hotel.
Além disso, dezenas de ruas e estradas de toda a Província foram bloqueadas apesar da promessa feita na última quarta-feira por líderes piqueteiros ao governo de que as manifestações não prejudicariam o trânsito.
Impaciente, o governo anunciou que vai contratar mais 2.000 policiais para conter o aumento da tensão social e da criminalidade, elevando o efetivo para 10 mil homens.

Discordâncias
A missão do FMI chefiada por Thornton encerrou ontem os trabalhos no país sem alcançar avanços significativos nas negociações com o governo. Após uma semana de conversas sobre as novas metas monetárias e fiscais, o porta-voz da Presidência, Eduardo Amadeo, disse que o grau de desentendimento ainda é grande.
Entre outras coisas, o organismo exige que a Argentina adote uma posição mais cautelosa em relação à emissão de pesos.
Também pede que o país deixe de gastar as reservas internacionais para baixar a cotação do dólar e exige a assinatura dos acordos definitivos para a redução do déficit das Províncias.
Outra discórdia: ontem, o presidente Eduardo Duhalde decidiu vetar apenas um artigo do projeto que elimina a Lei de Subversão Econômica -o FMI exige o veto de outros três artigos.



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