São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 2002

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México pode virar uma Argentina, diz ministro

DA REDAÇÃO

O México pode enfrentar um colapso econômico semelhante ao argentino, afirmou ontem o próprio ministro mexicano das Finanças, Francisco Gil. Segundo o ministro, o país precisa melhorar suas contas públicas, senão corre o risco de quebrar.
"Atribuo os problemas da Argentina ao que estamos fazendo agora, que é financiar uma arrecadação insuficiente com as rendas obtidas das privatizações", disse Gil, durante sessão do Congresso mexicano. "Em algum momento, não teremos mais nada para vender, e essa hora está chegando. Estamos produzindo um problema similar ao argentino."
Ao lado do Brasil, o México é a maior economia da América Latina. A arrecadação tributária do país equivale a 11% do PIB (Produto Interno Bruto), uma das menores proporções entre os países da região -no Brasil, a carga dos impostos é de 34% do PIB.
O governo mexicano tenta aprovar um aumento de impostos, mas há muita resistência ao projeto. No ano passado, um pacote de reformas, proposto pelo presidente Vicente Fox, foi rejeitado pelo Congresso.
A arrecadação tributária deteriorou-se ainda mais com a recessão econômica, que já dura um ano. A indústria foi duramente castigada pela retração econômica dos EUA, principal parceiro comercial dos mexicanos.
Um intenso processo de privatização tem oferecido ao governo os dólares de que ele necessita para honrar seus compromissos. Mas a entrada de capitais no México já perde vigor, e a moeda do país -que, para muitos economistas, estaria sobrevalorizada- começa a perder valor.
Ontem o peso mexicano continuou a se desvalorizar, devido às incertezas em relação à recuperação econômica dos EUA e a fragilidades das contas públicas mexicanas. Operadores do mercado local já falam em sinais de ataque especulativo.
Ontem, o dólar negociado no México atingiu 9,80 pesos. Nos últimos dois meses, a desvalorização é de 7,3%. "Os investidores estão se defendendo. Sem reformas, haverá uma queda no ingresso de capitais", disse Miguel Gaitán, da corretora Bursamétrica.



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