São Paulo, sábado, 21 de junho de 2008

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repercussão

Especialistas vêem prejuízos para indústrias

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Especialistas ouvidos pela Folha se dividem sobre a decisão do governo brasileiro de retaliar os Estados Unidos com a vitória obtida na OMC (Organização Mundial do Comércio), uma vez que a retaliação em bens pode prejudicar a indústria e os importadores nacionais, afetando ainda mais a balança comercial.
Segundo o vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, a retaliação brasileira anunciada ontem pode fechar ainda mais o mercado norte-americano para produtos brasileiros, em vez de corrigir uma distorção do comércio internacional.
"Tradicionalmente, nenhum país adota essas penalidades, porque com a retaliação você afeta o fluxo de comércio e pode estimular o outro lado a impor medidas, ainda que contrárias às regras estabelecidas pela OMC, que vão nos prejudicar. Não vejo com bons olhos [a decisão adotada pelo Brasil]", afirmou Castro.
O presidente da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica), Luís Afonso Lima, discorda.
"A decisão já era conhecida, mas essa posição é uma novidade. É uma posição radical, mas correta, tendo em vista que os Estados Unidos estão desrespeitando as decisões da OMC. Cabe, agora, adotar as medidas que foram evitadas até agora."
Castro prefere ver a possibilidade de retaliação como um trunfo em negociações comerciais futuras com os Estados Unidos. "Neste momento, as exportações estão sob ameaça de retração, com todas essas notícias de crise, muitas que não se confirmam. Sou favorável a que não se adote a retaliação. É mais simbólico, um trunfo que temos na mesa", disse.
Para Lima, o importante é criar um precedente. "O que conforta é que a balança comercial brasileira é diversificada, e os Estados Unidos vêm perdendo espaço. O ponto principal é o antecedente que isso cria, um freio na posição americana." (ID)


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