São Paulo, sábado, 21 de junho de 2008

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Morre fundador da rede de eletrodomésticos G. Aronson

Empresário Girsz Aronson, 91, chegou a ter 34 lojas e faturar R$ 250 mi ao ano

Em 1999, rede faliu, com dívidas de R$ 65 mi; no ano seguinte, Aronson voltou ao mercado e chegou a manter 4 estabelecimentos abertos


Almeida Rocha - 11.set.98/Folha Imagem
Empresário Girsz Aronson, que morreu aos 91 anos em SP

DA FOLHA ONLINE
DA REPORTAGEM LOCAL

O corpo do empresário Girsz Aronson, 91, que ficou conhecido como o "rei do varejo" em São Paulo com a venda de eletrodomésticos, foi enterrado ontem no Cemitério Israelita do Butantã. Aronson, que morreu na noite de quinta-feira, estava internado desde fevereiro no hospital Sírio-Libanês por causa de um linfoma.
O dono da rede G. Aronson descobriu que sofria de um câncer em novembro. Ficou internado por três meses no hospital Oswaldo Cruz, até ser transferido ao Sírio-Libanês.
A morte ocorreu às 20h50, depois de ficar dois dias inconsciente. "Meu pai acreditava que era eterno", disse a filha Eliane Aronson. "Ele só deixou de trabalhar porque ficou doente." Segundo nota do hospital, ele morreu em decorrência de insuficiência de múltiplos órgãos.
Girsz Aronson deixa a mulher, Naid Mandra Aronson, quatro filhos e três netos.
Nascido em 18 de janeiro de 1917, o russo de origem judaica construiu um império de lojas que chegou a ter 34 unidades no Estado e faturamento de R$ 250 milhões por ano. Chegou ao país aos dois anos e começou no comércio aos 12, vendendo bilhetes de loteria em Curitiba, onde morava com a mãe -viúva- e os irmãos.
A fama veio quando vendeu um bilhete premiado e recebeu do apostador parte do dinheiro. A notoriedade lhe valeu convite de uma empresa de casacos de pele do Rio para ser representante de vendas em São Paulo, em 1944. Foi naquele ano que abriu a empresa G. Aronson.
Nos anos 60, criou a Gurilândia, especializada em artigos infantis. A rede G. Aronson começou a se expandir nos anos 70, após comprar loja de fogões em dificuldade financeira.

Seqüestro
Em setembro de 1998, Aronson foi vítima de seqüestro dentro de sua empresa. Passou 14 dias no cativeiro e só foi solto após o pagamento de um resgate de R$ 117 mil.
Em junho de 1999, a G. Aronson faliu, com dívidas de R$ 65 milhões. Na época, o comerciante culpou a explosão da inadimplência e a redução do poder de consumo da população. Em setembro de 2000, voltou ao varejo e inaugurou a primeira loja, com 20 m2, na rua Conselheiro Crispiniano (centro de SP), com o nome G.A. Utilidades Domésticas, com a ajuda dos filhos. Em novembro do mesmo ano, abriu a segunda loja, na avenida Brigadeiro Luís Antonio, com 700 m2.
A família chegou a manter quatro lojas abertas em São Paulo. Depois que Aronson ficou impossibilitado de trabalhar por causa da doença, a família fechou três estabelecimentos, diz Eliane. Apenas a loja na Conselheiro Crispiniano ainda funciona.
Girsz Aronson era um empresário de hábitos simples. Gostava de negociar diretamente com fornecedores e clientes. Durante anos, ia trabalhar de bicicleta. Mesmo nos tempos áureos dos negócios, sempre tinha tempo para falar com clientes e atender jornalistas. Era um dos poucos empresários, nos anos 90, que não tinha receio de falar sobre aumentos abusivos de preços da indústria eletroeletrônica e criticar o governo por causa da elevada taxa de juros.
Para o presidente da Fecomercio SP, Abram Szajman, a rede criada por Aronson representa um marco no varejo ao antever o potencial do consumidor de baixa renda, baseado no crédito e em prazos longos. "Só que ele fazia isso sem o suporte de uma financeira. Por essa atitude arrojada, acabou pego no contrapé de uma crise de explosão da inadimplência."


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