São Paulo, sábado, 21 de junho de 2008

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Ex-executivo acusa UBS de ter ajudado clientes dos EUA a ocultar US$ 20 bi

DA BLOOMBERG

A divisão de private banking (administração de grandes fortunas) do banco suíço UBS se envolveu numa série de esquemas destinados a ajudar endinheirados clientes do banco nos Estados Unidos a encobrir US$ 20 bilhões em ativos e a contornar a legislação de Imposto de Renda do país, disse um ex-executivo do banco ao se declarar culpado de conluio.
Bradley Birkenfeld, 43, e seus colegas ajudaram norte-americanos ricos a esconder recursos ao orientá-los a pôr dinheiro e jóias nos cofres de segurança suíços, a comprar obras de arte e jóias por meio de contas em paraísos fiscais do exterior e a abrir contas no nome de terceiros, disse ele ontem no tribunal federal dos Estados Unidos de Fort Lauderdale, na Flórida.
Birkenfeld coopera com uma investigação realizada pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos sobre as atividades do UBS. Disse que as práticas descritas por ele são comuns entre seus ex-colegas. Afirmou que o UBS ajudou os norte-americanos donos de grandes fortunas a sonegar impostos mesmo depois de assinar um acordo, em 2001, que determinou que o banco suíço identificasse os titulares das contas e sua renda, repassando essas informações para as autoridades fiscais americanas.
Ele disse que muitos clientes se recusaram a revelar ativos porque isso contrariava a finalidade de efetuar transações bancárias com o UBS -sonegar impostos.

Por escrito
"Em vez de se arriscar a perder os cerca de US$ 20 bilhões em ativos administrados em negócios não declarados nos EUA", o UBS "ajudou clientes abastados a ocultar a propriedade de ativos mantidos no exterior", disse Birkenfeld em documento por escrito que acompanha sua declaração de culpa.
O UBS faturou cerca de US$ 200 milhões ao ano em receita ao ajudar os clientes de alta renda a realizar práticas como fundar instituições de fachada em paraísos fiscais como Suíça, Panamá, Ilhas Virgens britânicas, Hong Kong e Lichtenstein, disse.
Em um dos casos, Birkenfeld chegou até a concordar em comprar diamantes para um cliente norte-americano empregando recursos suíços.
Em outra ocasião, se colocaram ilegalmente diamantes nos EUA por meio de "um tubo de pasta de dente", disse Birkenfeld.
Mark Arena, porta-voz do UBS em Nova York, preferiu não comentar a declaração de culpa. Ele disse que o UBS está colaborando com a investigação do Departamento de Justiça dos EUA que apura a possibilidade de o banco ter ajudado os clientes norte-americanos a sonegar impostos de 2000 a 2007.


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