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TELECOMUNICAÇÕES
Nenhuma operadora de telefonia fixa atendeu as exigências estabelecidas nos contratos de concessão
Empresas não cumprem metas da Anatel
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Nenhuma operadora de telefonia fixa cumpriu todas as metas
de qualidade previstas pela Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações) nos contratos de concessão.
Os dados de qualidade das empresas foram divulgados ontem
em Brasília pela Anatel.
O prazo de 18 meses previsto
pela agência nos contratos para o
cumprimento das metas terminou em janeiro.
Devido ao não-cumprimento
dessas metas, foram instaurados
1.724 procedimentos contra todas
as 38 operadoras de telefonia fixa
que atuam no Brasil.
Os procedimentos vão apurar
por que as exigências de qualidade na prestação do serviço não foram respeitadas e podem gerar
multas às empresas.
Foi a primeira vez que a Anatel
divulgou os números dos planos
de metas das empresas. Os relatórios foram preenchidos pelas próprias empresas e por isso podem
ter distorções. Para evitar isso, a
Anatel contratou quatro auditorias para checar os números.
Das 10.922 metas de qualidade e
de universalização apuradas entre
janeiro e junho deste ano em todas as operadoras de telefonia fixa, a Anatel não conseguiu informações das empresas em 37,7%.
Em 18,8% o objetivo não foi atingido e em 43,5% as metas foram
cumpridas.
As metas de universalização do
serviço -exigidas de todas as
empresas que participaram do
leilão da Telebrás, em 98- também não foram cumpridas por 16
operadoras.
Aldeia
Um exemplo do não-cumprimento das metas de qualidade foi
dado na sexta-feira da semana
passada pela Embratel.
A empresa inaugurou dois telefones públicos com seis meses de
atraso na aldeia Mapuera, a aproximadamente 800 quilômetros de
Belém (PA), com a presença do
ministro Pimenta da Veiga (Comunicações). A empresa alegou
que desconhecia a existência da
comunidade e por isso não instalou os telefones antes.
Ao final dos procedimentos, a
Anatel poderá multar as empresas em até R$ 50 milhões por não-atendimento de metas de universalização. O não-atendimento das
metas de qualidade pode gerar
multas de até R$ 40 milhões.
Avanço
Apesar do resultado apontar
que as metas não são cumpridas,
a agência reguladora considerou
que o serviço de telefonia fixa progrediu no país desde a privatização. Para o conselheiro Antonio
Carlos Valente, as metas eram
"ousadas".
De acordo com Valente, "todas
as empresas tiveram dificuldades" para atender as metas. O
conselheiro informou ainda que,
de janeiro a junho, a Anatel realizou 220 ações de fiscalização nas
operadoras para forçar o cumprimento das metas. Mesmo com essas ações, nenhum empresa foi
multada até hoje por deixar de
cumprir as metas.
De acordo com a Anatel, as operadoras que mais deixaram de
cumprir metas ou prestar informações são Vésper São Paulo,
Vésper S/A (que atua no Rio), Telemar Rio, Sercomtel (operadora
de Londrina, no Paraná), CTBC
(MG) e Teleron (subsidiária da
Brasil Telecom em Rondônia).
Os principais problemas, de
acordo com a Anatel, são o não-atendimento à solicitação de mudança de endereço do usuário no
tempo mínimo exigido e a grande
quantidade de chamadas que não
são completadas pelas operadoras de telefonia fixa.
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