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SOCORRO FINANCEIRO
Objetivo da nova ajuda é mostrar ao mercado que país terá condições de honrar compromissos externos
Brasil começa a negociar com o FMI na 3ª
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil começará a negociar
oficialmente um novo pacote de
ajuda financeira com o FMI (Fundo Monetário Internacional) na
próxima semana. Uma missão de
técnicos irá a Washington (Estados Unidos) para apresentar o pedido brasileiro.
A missão, que não é confirmada
oficialmente, deverá ser chefiada
pelo secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Amaury Bier,
e inicia as conversas com o Fundo
na próxima terça-feira.
Autoridades do FMI e do governo brasileiro avaliam que a crise
argentina e a retração do crescimento mundial poderão trazer
dificuldades para a economia do
país.
Para enfrentar as turbulências
com mais tranquilidade, o governo pretende conseguir um empréstimo do Fundo para sinalizar
ao mercado que não terá problemas para honrar seus compromissos externos.
As preocupações com a estabilidade financeira superaram o temor do governo de fechar um
acordo com o Fundo num ano de
eleições presidenciais (em outubro do próximo ano). O atual
acordo acaba em 1º de dezembro
deste ano.
Embora a oposição possa usar o
acordo para criticar o governo, o
mercado financeiro defende o
programa justamente para garantir uma transição mais suave ao final do mandato do presidente
Fernando Henrique Cardoso.
Conselhos
A delegação do FMI que passou
pelo Brasil na semana passada
aconselhou a equipe econômica
do ministro Pedro Malan (Fazenda) a fechar um acordo com a instituição. O diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental,
Cláudio Loser, afirmou que o
Fundo está disposto a ajudar o
Brasil.
O Brasil tem um acordo com o
FMI desde dezembro de 1998. Em
troca de dinheiro do Fundo e de
organismos internacionais, a
equipe econômica elaborou um
programa de ajuste fiscal que gerou superávits nos últimos três
anos.
No total, o Brasil teve acesso a
uma linha de US$ 41,5 bilhões. O
dinheiro foi emprestado pelo
FMI, Bird (Banco Mundial), BID
(Banco Interamericano de Desenvolvimento), Banco do Japão e
por mais 19 países.
A missão brasileira ao FMI também deverá contar com o secretário-executivo do Ministério do
Planejamento, Guilherme Dias, o
secretário-adjunto do Tesouro,
Eduardo Guardia, e o economista-chefe-adjunto da Assessoria
Econômica do Planejamento, Hélio Martins Tollini.
Nenhum assessor governamental quis confirmar oficialmente a
viagem ontem. Apenas a ida do
presidente do Banco Central, Armínio Fraga, a Washington foi divulgada.
A agenda oficial traz encontros
no Banco Mundial, mas a Folha
apurou que Fraga, apesar de não
fazer parte da missão, participará
das conversas com a equipe do
FMI.
Banco Mundial
O Banco Mundial emprestou
para o Brasil neste ano US$ 1,157
bilhão para compor as reservas
internacionais. O banco acertou
emprestar outros US$ 850 milhões até meados do ano que vem.
O Brasil também poderá obter
recursos do BID. O vice-presidente da instituição, Paulo Paiva, disse que o banco está pronto para
colaborar com qualquer novo
programa de ajuda ao Brasil coordenado pelo FMI. Mas disse que
considera a situação atual "menos
grave" do que a vivida pelo país
em 1998, no auge da crise da Rússia.
Além do acordo com o FMI, o
Brasil pretende aumentar o aperto fiscal neste ano. A idéia é cortar
os gastos do governo federal em,
no máximo, R$ 3 bilhões. Os lucros das estatais também seriam
revisados para cima para ajudar a
aumentar o superávit das contas
públicas.
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