São Paulo, sábado, 21 de julho de 2001

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SOCORRO FINANCEIRO

Objetivo da nova ajuda é mostrar ao mercado que país terá condições de honrar compromissos externos

Brasil começa a negociar com o FMI na 3ª

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil começará a negociar oficialmente um novo pacote de ajuda financeira com o FMI (Fundo Monetário Internacional) na próxima semana. Uma missão de técnicos irá a Washington (Estados Unidos) para apresentar o pedido brasileiro.
A missão, que não é confirmada oficialmente, deverá ser chefiada pelo secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Amaury Bier, e inicia as conversas com o Fundo na próxima terça-feira.
Autoridades do FMI e do governo brasileiro avaliam que a crise argentina e a retração do crescimento mundial poderão trazer dificuldades para a economia do país.
Para enfrentar as turbulências com mais tranquilidade, o governo pretende conseguir um empréstimo do Fundo para sinalizar ao mercado que não terá problemas para honrar seus compromissos externos.
As preocupações com a estabilidade financeira superaram o temor do governo de fechar um acordo com o Fundo num ano de eleições presidenciais (em outubro do próximo ano). O atual acordo acaba em 1º de dezembro deste ano.
Embora a oposição possa usar o acordo para criticar o governo, o mercado financeiro defende o programa justamente para garantir uma transição mais suave ao final do mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso.

Conselhos
A delegação do FMI que passou pelo Brasil na semana passada aconselhou a equipe econômica do ministro Pedro Malan (Fazenda) a fechar um acordo com a instituição. O diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental, Cláudio Loser, afirmou que o Fundo está disposto a ajudar o Brasil.
O Brasil tem um acordo com o FMI desde dezembro de 1998. Em troca de dinheiro do Fundo e de organismos internacionais, a equipe econômica elaborou um programa de ajuste fiscal que gerou superávits nos últimos três anos.
No total, o Brasil teve acesso a uma linha de US$ 41,5 bilhões. O dinheiro foi emprestado pelo FMI, Bird (Banco Mundial), BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), Banco do Japão e por mais 19 países.
A missão brasileira ao FMI também deverá contar com o secretário-executivo do Ministério do Planejamento, Guilherme Dias, o secretário-adjunto do Tesouro, Eduardo Guardia, e o economista-chefe-adjunto da Assessoria Econômica do Planejamento, Hélio Martins Tollini.
Nenhum assessor governamental quis confirmar oficialmente a viagem ontem. Apenas a ida do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, a Washington foi divulgada.
A agenda oficial traz encontros no Banco Mundial, mas a Folha apurou que Fraga, apesar de não fazer parte da missão, participará das conversas com a equipe do FMI.

Banco Mundial
O Banco Mundial emprestou para o Brasil neste ano US$ 1,157 bilhão para compor as reservas internacionais. O banco acertou emprestar outros US$ 850 milhões até meados do ano que vem.
O Brasil também poderá obter recursos do BID. O vice-presidente da instituição, Paulo Paiva, disse que o banco está pronto para colaborar com qualquer novo programa de ajuda ao Brasil coordenado pelo FMI. Mas disse que considera a situação atual "menos grave" do que a vivida pelo país em 1998, no auge da crise da Rússia.
Além do acordo com o FMI, o Brasil pretende aumentar o aperto fiscal neste ano. A idéia é cortar os gastos do governo federal em, no máximo, R$ 3 bilhões. Os lucros das estatais também seriam revisados para cima para ajudar a aumentar o superávit das contas públicas.



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