São Paulo, sábado, 21 de julho de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Otimismo com Argentina e possível ida do Brasil ao FMI derrubam dólar

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O dólar despencou ontem com o mercado menos pessimista, embalado pelas mudanças feitas pelo governo argentino para conseguir a aprovação das medidas fiscais e pela informação de que o Brasil inicia negociações com o FMI (Fundo Monetário Internacional) na próxima semana.
O preço da moeda norte-americana recuou para R$ 2,45, com desvalorização de 2,39%. O dólar não caía abaixo do patamar de R$ 2,50 desde o dia 10. Com a queda de ontem, o dólar encerra a semana com 5,4% de baixa.
Mesmo em um dia em que a moeda norte-americana foi negociada sempre em baixa, o Banco Central interveio, cumprindo a promessa de "irrigar" o mercado independentemente da cotação do dólar.
A ação do BC, estimada em cerca de US$ 50 milhões -montante que tem sido gasto diariamente desde o último dia 5-, se somou à entrada de US$ 150 milhões trazidos para o mercado por uma montadora, segundo operadores. Com mais dólares disponíveis para venda, a moeda dos EUA chegou a cair para R$ 2,433.
Joaquim Kokudai, diretor de tesouraria do banco Lloyds TSB, diz que a expectativa de que o governo argentino consiga com as mudanças o apoio necessário para a aprovação das medidas fiscais ajudou a aliviar o câmbio.
"A Argentina vai dar o tom dos negócios na abertura do mercado na segunda-feira", afirma Kokudai, referindo-se a possíveis novidades vindas do país vizinho hoje e amanhã.
A valorização do dólar neste mês, que chegou a 12% no momento de maior pressão, está agora em 5,9%. Neste ano, o valor da moeda norte-americana acumula alta de 25,6%.
A expectativa de entrada de recursos dos investidores estrangeiros que compraram as ações da Petrobras na operação de venda realizada pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) também contribuiu para as tesourarias se desfazerem de posições em dólares que mantinham.
Apesar de alguns operadores acreditarem que parte dos US$ 500 milhões da operação já passou pelo mercado, as instituições financeiras não querem arriscar ver as cotações caírem sem aproveitar para vender seus dólares.
No pregão da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), o dólar também perdeu força. No contrato de prazo mais curto, o valor da moeda dos Estados Unidos caiu 2,24%, para R$ 2,465.



Texto Anterior: Socorro financeiro: Brasil começa a negociar com o FMI na 3ª
Próximo Texto: País pode usar quatro linhas do Fundo para proteger conta externa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.