São Paulo, sábado, 21 de julho de 2001

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ECONÔMICO

Medo é que leilão fracasse

BC pode liquidar banco sem vender a Copene

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

O Banco Central tem na gaveta um plano B para concluir a liquidação extrajudicial do banco Econômico sem depender da venda das ações da Esae (o braço petroquímico do Econômico) na Copene.
O BC teme o fracasso ou o adiamento do terceiro leilão da Copene, marcado para a próxima quarta-feira, com o pedido de liminar da Odebrecht para exercer seu direito de preferência sobre as ações a serem leiloadas.
"Chega! Essas liquidações não podem se eternizar no Banco Central", desabafou o diretor de Finanças Públicas do BC, Carlos Eduardo de Freitas.
O plano B é o seguinte: o BC encerra a liquidação extrajudicial do Econômico e encaminha para a Justiça os ativos que não conseguiu vender. Entre eles, a participação do Econômico na Copene.
Freitas diz, no entanto, que antes de tomar essa decisão irá tentar mais uma vez um acordo entre os dois grupos interessados na compra das ações da Esae: o Ultra e a Odebrecht.
Ele tentará esgotar todas as possibilidades para viabilizar o leilão. Caso não tenha êxito, admite a possibilidade de desistir do leilão e transferir para a Justiça a missão de vender a participação do Econômico na Copene.

Ativos valorizados
A venda das ações da Esae pelo BC faz parte do processo de liquidação extrajudicial do Econômico. O banco está em processo de liquidação desde agosto de 1996. O objetivo do BC é vender os ativos do Econômico para tentar recuperar parte dos recursos que o Tesouro injetou no ex-banco de Ângelo Calmon de Sá.
Os ativos de Calmon de Sá no Econômico se valorizaram muito nos últimos anos, principalmente com a alta do dólar, já que o banco tinha, em sua carteira, cerca de R$ 6 bilhões em títulos da dívida externa (os C-Bonds).
Com essa valorização do dólar, os ativos de Calmon de Sá somam hoje mais de R$ 9 bilhões, contra o passivo de R$ 12 bilhões. Se a liquidação se estender por muito tempo, há até o risco de os valores se equivalerem, e os ativos do Econômico voltarem para as mãos de Calmon de Sá.
Freitas nega essa possibilidade. O diretor do BC afirma, ainda, que essa possibilidade de acelerar a liquidação extrajudicial sem esperar mais pela venda de ativos não será levada em consideração apenas para o Econômico, mas também para os outros bancos em processo de liquidação.



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