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FOLHA INVEST
MERCADO
Analistas acreditam em queda dos juros, mas divergem sobre eventual mexida na obrigação de recolher depósitos
Compulsório é incógnita na reunião do BC
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Analistas dão como certo a queda dos juros, mas divergem quanto à possibilidade de o Banco Central decidir cortar o compulsório
na quarta-feira, quando se encerra a reunião mensal do Copom
(Comitê de Política Monetária).
A amplitude da redução da taxa
básica dos juros (Selic), porém,
ainda é controversa. A maioria
dos economistas consultados
afirma acreditar que o Copom reduzirá 1,5 ponto percentual da taxa, hoje em 26% ao ano.
Há quem sustente que a Selic
cairá dois ou mais pontos percentuais. Os mais conservadores dizem que o corte se limitará a um
ponto percentual.
Difícil encontrar quem aposte
na estabilidade dos juros com índices de inflação abaixo do esperado por economistas e a atividade econômica quase em recessão.
O alto recolhimento do compulsório (que obriga as instituições
financeiras a manterem um percentual dos depósitos à vista retidos no BC) divide ainda mais os
analistas do mercado.
"Seria uma medida complementar à redução da taxa de juros, num momento em que o governo sinaliza preocupação com o
"spread" bancário [diferença entre
o custo de dinheiro e o que é cobrado do tomador]", diz o economista Aquiles Mosca, do ABN Asset Management.
"Com altas alíquotas do compulsório, o custo do dinheiro sobe, e os bancos tendem a cobrar
"spread" maior, o que prejudica o
crédito."
As alíquotas do recolhimento
compulsório foram aumentadas
pela última vez em fevereiro,
quando subiram de 45% para
60%. Na prática, o BC retém hoje
68% dos depósitos em conta corrente de seus clientes porque os
bancos já recolhiam 8%, parcela
remunerada pela Selic.
O objetivo alegado para aquele
aumento do compulsório era enxugar a liquidez e diminuir a pressão sobre os preços.
O corte do compulsório deveria
ter sido o primeiro instrumento a
ser usado pelo BC, antes mesmo
da redução dos juros, diz um analista de uma corretora estrangeira.
Para Carlos Kawall, economista
do Citibank, baixar o compulsório agora não faria diferença.
"O problema não é liquidez, que
sobra no sistema. O crédito não
está sendo contido por isso."
Mosca concorda que haja liquidez. "Mas ela é compatível com
elevadas taxas de juros. Não há
mais crise de confiança ou necessidade de enxugamento de liquidez. O compulsório pode cair pelo raciocínio inverso [ao que o
criou]. Ele já foi de cerca de 15%
em 2000."
Uma mistura dos dois instrumentos pode ser uma opção, segundo Jorge Simino, diretor do
Unibanco Asset Management.
Ele, entretanto, diz não ter expectativa de que essa estratégia seja
usada agora.
"Seria mais efetivo e mexeria
mais com as expectativas reduzir
mais os juros nessa reunião e deixar o compulsório para a próxima. Acho que teriam receio de
mexer em dois instrumentos ao
mesmo tempo", afirma Simino,
para quem a combinação das
duas medidas poderia demandar
uma redução menor dos juros.
Apesar das alterações em relação à proposta inicial, analistas
reagiram favoravelmente ao relatório final da Previdência.
"Dada o tamanho do problema,
o balanço é positivo.Há dois anos,
seria impensável o que foi obtido
em relação aos inativos, por
exemplo", diz Simino.
"A resultante da redução no ganho fiscal e a maior capacidade de
aprovação da reforma parece positiva", afirma o relatório da equipe de pesquisa do Bradesco.
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