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São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 2003

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FOLHA INVEST

MERCADO

Analistas acreditam em queda dos juros, mas divergem sobre eventual mexida na obrigação de recolher depósitos

Compulsório é incógnita na reunião do BC

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Analistas dão como certo a queda dos juros, mas divergem quanto à possibilidade de o Banco Central decidir cortar o compulsório na quarta-feira, quando se encerra a reunião mensal do Copom (Comitê de Política Monetária).
A amplitude da redução da taxa básica dos juros (Selic), porém, ainda é controversa. A maioria dos economistas consultados afirma acreditar que o Copom reduzirá 1,5 ponto percentual da taxa, hoje em 26% ao ano.
Há quem sustente que a Selic cairá dois ou mais pontos percentuais. Os mais conservadores dizem que o corte se limitará a um ponto percentual.
Difícil encontrar quem aposte na estabilidade dos juros com índices de inflação abaixo do esperado por economistas e a atividade econômica quase em recessão.
O alto recolhimento do compulsório (que obriga as instituições financeiras a manterem um percentual dos depósitos à vista retidos no BC) divide ainda mais os analistas do mercado.
"Seria uma medida complementar à redução da taxa de juros, num momento em que o governo sinaliza preocupação com o "spread" bancário [diferença entre o custo de dinheiro e o que é cobrado do tomador]", diz o economista Aquiles Mosca, do ABN Asset Management.
"Com altas alíquotas do compulsório, o custo do dinheiro sobe, e os bancos tendem a cobrar "spread" maior, o que prejudica o crédito."
As alíquotas do recolhimento compulsório foram aumentadas pela última vez em fevereiro, quando subiram de 45% para 60%. Na prática, o BC retém hoje 68% dos depósitos em conta corrente de seus clientes porque os bancos já recolhiam 8%, parcela remunerada pela Selic.
O objetivo alegado para aquele aumento do compulsório era enxugar a liquidez e diminuir a pressão sobre os preços.
O corte do compulsório deveria ter sido o primeiro instrumento a ser usado pelo BC, antes mesmo da redução dos juros, diz um analista de uma corretora estrangeira.
Para Carlos Kawall, economista do Citibank, baixar o compulsório agora não faria diferença.
"O problema não é liquidez, que sobra no sistema. O crédito não está sendo contido por isso."
Mosca concorda que haja liquidez. "Mas ela é compatível com elevadas taxas de juros. Não há mais crise de confiança ou necessidade de enxugamento de liquidez. O compulsório pode cair pelo raciocínio inverso [ao que o criou]. Ele já foi de cerca de 15% em 2000."
Uma mistura dos dois instrumentos pode ser uma opção, segundo Jorge Simino, diretor do Unibanco Asset Management. Ele, entretanto, diz não ter expectativa de que essa estratégia seja usada agora.
"Seria mais efetivo e mexeria mais com as expectativas reduzir mais os juros nessa reunião e deixar o compulsório para a próxima. Acho que teriam receio de mexer em dois instrumentos ao mesmo tempo", afirma Simino, para quem a combinação das duas medidas poderia demandar uma redução menor dos juros.
Apesar das alterações em relação à proposta inicial, analistas reagiram favoravelmente ao relatório final da Previdência.
"Dada o tamanho do problema, o balanço é positivo.Há dois anos, seria impensável o que foi obtido em relação aos inativos, por exemplo", diz Simino.
"A resultante da redução no ganho fiscal e a maior capacidade de aprovação da reforma parece positiva", afirma o relatório da equipe de pesquisa do Bradesco.

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