|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MARCHA LENTA
Dieese revela corte de 44 mil vagas no comércio em junho; desemprego permanece em 17,5% na região metropolitana
Emprego não reage, e a renda cai em SP
CLARICE SPITZ
DA FOLHA ONLINE
O desemprego na região metropolitana de São Paulo permaneceu em junho, pelo terceiro mês
consecutivo, em 17,5% da PEA
(População Economicamente
Ativa), contrariando as expectativas sazonais de recuperação verificadas no final do semestre.
Segundo a pesquisa Seade/
Dieese, o desemprego só não aumentou em junho porque 19 mil
pessoas desistiram de procurar
uma posição, saindo do contingente de desempregados.
"O resultado é frustrante", disse
Alexandre Loloian, gerente de
pesquisas do Seade. Já a renda
média do trabalhador recuou
0,4%, passando de R$ 1.028 para
R$ 1.024. "O rendimento está no
fundo do poço. Havia uma expectativa de alta", disse Loloian.
A saída das 19 mil pessoas do
mercado compensou o saldo negativo de 15 mil pessoas que perderam o emprego no mês passado. Ou seja, houve uma redução
de 4.000 no número de desempregados, que não foi suficiente para
alterar o índice de desemprego.
No total, o contingente de desempregados soma 1,757 milhão.
"Se esses 19 mil permanecessem
à procura de trabalho, haveria,
com certeza, um desemprego
maior", afirmou Clemente Ganz
Lucio, diretor técnico do Dieese.
Em junho, o comércio eliminou
44 mil postos de trabalho, enquanto a indústria criou 5.000 novos postos. Já o setor de serviços
criou 17 mil vagas, e os chamados
outros setores -que inclui construção civil e serviços domésticos- abriram 7.000 vagas.
Segundo Loloian, os setores que
dependem de renda corrente tiveram queda mais acentuada. O varejo, que corresponde a 78,5% da
estrutura do segmento de comércio, teve queda de 6,1% no número de vagas abertas em junho ante
o mesmo mês do ano passado.
Outro dado negativo foi a redução de 31 mil postos com carteira
assinada, além de um aumento de
38 mil trabalhadores autônomos
em relação a maio, revelando falta
de crescimento sustentado e precarização da mão-de-obra.
"É um sinal de alerta de que não
se pode apostar no mercado interno para expandir a economia.
A criação de postos de trabalho
tem a ver com economia e o clima
político. Os investimentos continuam muito baixos. Além disso, o
consumo interno não cresce",
afirma Loloian.
"O que frustra é que não vamos
conseguir aproveitar o momento
internacional ótimo porque o investimento não foi retomado e o
setor exportador está sofrendo
constrangimento com o real valorizado", afirmou Ganz Lucio.
Texto Anterior: Mercosul: Argentina adotará nova medida de restrição a calçado brasileiro Próximo Texto: Frase Índice
|