São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 2005

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MARCHA LENTA

Dieese revela corte de 44 mil vagas no comércio em junho; desemprego permanece em 17,5% na região metropolitana

Emprego não reage, e a renda cai em SP

CLARICE SPITZ
DA FOLHA ONLINE

O desemprego na região metropolitana de São Paulo permaneceu em junho, pelo terceiro mês consecutivo, em 17,5% da PEA (População Economicamente Ativa), contrariando as expectativas sazonais de recuperação verificadas no final do semestre.
Segundo a pesquisa Seade/ Dieese, o desemprego só não aumentou em junho porque 19 mil pessoas desistiram de procurar uma posição, saindo do contingente de desempregados.
"O resultado é frustrante", disse Alexandre Loloian, gerente de pesquisas do Seade. Já a renda média do trabalhador recuou 0,4%, passando de R$ 1.028 para R$ 1.024. "O rendimento está no fundo do poço. Havia uma expectativa de alta", disse Loloian.
A saída das 19 mil pessoas do mercado compensou o saldo negativo de 15 mil pessoas que perderam o emprego no mês passado. Ou seja, houve uma redução de 4.000 no número de desempregados, que não foi suficiente para alterar o índice de desemprego. No total, o contingente de desempregados soma 1,757 milhão.
"Se esses 19 mil permanecessem à procura de trabalho, haveria, com certeza, um desemprego maior", afirmou Clemente Ganz Lucio, diretor técnico do Dieese.
Em junho, o comércio eliminou 44 mil postos de trabalho, enquanto a indústria criou 5.000 novos postos. Já o setor de serviços criou 17 mil vagas, e os chamados outros setores -que inclui construção civil e serviços domésticos- abriram 7.000 vagas.
Segundo Loloian, os setores que dependem de renda corrente tiveram queda mais acentuada. O varejo, que corresponde a 78,5% da estrutura do segmento de comércio, teve queda de 6,1% no número de vagas abertas em junho ante o mesmo mês do ano passado.
Outro dado negativo foi a redução de 31 mil postos com carteira assinada, além de um aumento de 38 mil trabalhadores autônomos em relação a maio, revelando falta de crescimento sustentado e precarização da mão-de-obra.
"É um sinal de alerta de que não se pode apostar no mercado interno para expandir a economia. A criação de postos de trabalho tem a ver com economia e o clima político. Os investimentos continuam muito baixos. Além disso, o consumo interno não cresce", afirma Loloian.
"O que frustra é que não vamos conseguir aproveitar o momento internacional ótimo porque o investimento não foi retomado e o setor exportador está sofrendo constrangimento com o real valorizado", afirmou Ganz Lucio.


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