São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 2005

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CAPITALISMO VERMELHO

Governo previa um crescimento de 8% no primeiro semestre e admite "investimento irracional"

China desafia as previsões e cresce 9,5%

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A economia chinesa continua a desafiar as previsões de esfriamento do seu ritmo de expansão. No segundo trimestre de 2005, o PIB do país cresceu 9,5% (índice anualizado), superando a meta de 8% apresentada pelo governo no começo do ano e as previsões de analistas de mercado.
Exportações e investimentos estiveram entre os principais motores da intensa atividade no trimestre, o oitavo consecutivo no qual o PIB ficou acima de 9%.
Nos seis primeiros meses de 2005, os investimentos em ativos fixos subiram 25,4% em relação a igual período do ano passado. Esse indicador abrange os recursos destinados à construção de bens como fábricas, estradas e ferrovias e reflete em grande parte os investimentos em infra-estrutura do poder público.
Os 25,4% de expansão estão abaixo dos 28,6% registrados entre janeiro e junho de 2004, mas superam em muito a estimativa do governo de aumento de 16% durante este ano. "O volume total de investimentos é muito alto e sua estrutura, irracional", reconheceu o porta-voz do Escritório Nacional de Estatísticas da China, Zheng Jingping, no documento que acompanhou a divulgação dos dados.
Em números absolutos, os investimentos em ativos fixos somaram US$ 397,3 bilhões no primeiro semestre.
O governo chinês vem tentando reduzir o ritmo de crescimento da economia desde abril do ano passado, quando foram impostos limites administrativos à concessão de novos empréstimos e à realização de investimentos em áreas consideradas superaquecidas.
No mês de outubro, o Banco Popular da China -o Banco Central do país- subiu a taxa de juros pela primeira vez em nove anos, mas apenas em 0,27 ponto percentual.
As medidas evitaram que a alta do PIB atingisse os dois dígitos em 2004, mas não foram suficientes para reduzir sua expansão a um patamar próximo de 8%, visto como sustentável pelo governo.
Além da alta nos investimentos, Zheng citou outros problemas da economia chinesa: a dificuldade em elevar o rendimento dos moradores da zona rural; a queda na eficiência de certos setores industriais; e restrições na oferta de carvão, petróleo e transporte.
No ano passado, a forte expansão do PIB levou economistas a falarem em superaquecimento da economia, que poderia levar a um colapso na utilização da infra-estrutura local e ao excesso de oferta em determinados setores. Até agora, apesar dos riscos, nenhum dos dois cenários se concretizou.
A aceleração da atividade econômica também não se refletiu em inflação: o índice de preços ao consumidor subiu 2,3% entre janeiro e junho, comparado a 3,6% em igual período do ano passado.


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