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CAPITALISMO VERMELHO
Governo previa um crescimento de 8% no primeiro semestre e admite "investimento irracional"
China desafia as previsões e cresce 9,5%
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A economia chinesa continua a
desafiar as previsões de esfriamento do seu ritmo de expansão.
No segundo trimestre de 2005, o
PIB do país cresceu 9,5% (índice
anualizado), superando a meta de
8% apresentada pelo governo no
começo do ano e as previsões de
analistas de mercado.
Exportações e investimentos estiveram entre os principais motores da intensa atividade no trimestre, o oitavo consecutivo no
qual o PIB ficou acima de 9%.
Nos seis primeiros meses de
2005, os investimentos em ativos
fixos subiram 25,4% em relação a
igual período do ano passado. Esse indicador abrange os recursos
destinados à construção de bens
como fábricas, estradas e ferrovias e reflete em grande parte os
investimentos em infra-estrutura
do poder público.
Os 25,4% de expansão estão
abaixo dos 28,6% registrados entre janeiro e junho de 2004, mas
superam em muito a estimativa
do governo de aumento de 16%
durante este ano. "O volume total
de investimentos é muito alto e
sua estrutura, irracional", reconheceu o porta-voz do Escritório
Nacional de Estatísticas da China,
Zheng Jingping, no documento
que acompanhou a divulgação
dos dados.
Em números absolutos, os investimentos em ativos fixos somaram US$ 397,3 bilhões no primeiro semestre.
O governo chinês vem tentando
reduzir o ritmo de crescimento da
economia desde abril do ano passado, quando foram impostos limites administrativos à concessão de novos empréstimos e à realização de investimentos em áreas
consideradas superaquecidas.
No mês de outubro, o Banco
Popular da China -o Banco Central do país- subiu a taxa de juros pela primeira vez em nove
anos, mas apenas em 0,27 ponto
percentual.
As medidas evitaram que a alta
do PIB atingisse os dois dígitos
em 2004, mas não foram suficientes para reduzir sua expansão a
um patamar próximo de 8%, visto como sustentável pelo governo.
Além da alta nos investimentos,
Zheng citou outros problemas da
economia chinesa: a dificuldade
em elevar o rendimento dos moradores da zona rural; a queda na
eficiência de certos setores industriais; e restrições na oferta de carvão, petróleo e transporte.
No ano passado, a forte expansão do PIB levou economistas a
falarem em superaquecimento da
economia, que poderia levar a um
colapso na utilização da infra-estrutura local e ao excesso de oferta
em determinados setores. Até
agora, apesar dos riscos, nenhum
dos dois cenários se concretizou.
A aceleração da atividade econômica também não se refletiu
em inflação: o índice de preços ao
consumidor subiu 2,3% entre janeiro e junho, comparado a 3,6%
em igual período do ano passado.
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