São Paulo, sexta-feira, 21 de julho de 2006

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Entrada de capital externo no país melhora neste mês

Depois do pior resultado em quatro anos, ingresso de divisas soma R$ 1,6 bi no mês

Segundo avaliação do Iedi, o total de investimentos estrangeiros em 2006 deve ficar abaixo da previsão feita pelo BC, de US$ 18 bi

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de sofrer, entre maio e junho, os efeitos da turbulência causada pela alta dos juros nos EUA, o fluxo de capital externo para o Brasil dá sinais de recuperação neste mês.
Segundo o Banco Central, dados apurados até agora mostram aumento nos investimentos estrangeiros e na captação de empréstimos no mercado internacional.
Até ontem, o ingresso de divisas no Brasil em julho totalizava US$ 1,608 bilhão. Em junho, esse saldo havia ficado negativo em US$ 2,676 bilhões -o pior resultado em quatro anos.
Para o chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC, Luiz Malan, esses números refletem o maior ingresso de investimentos externos e de empréstimos captados por empresas no mercado internacional.
"Os dados mostram redução na volatilidade causada pela política monetária norte-americana. Há uma melhora em relação ao que foi observado no mês passado", afirma Malan.
Nos últimos dois meses, muitos investidores reduziram suas aplicações em países emergentes devido à possibilidade de que os juros nos Estados Unidos subissem mais do que se esperava inicialmente. O efeito disso logo foi sentido nas contas externas do Brasil. O fluxo de investimentos estrangeiros diretos, por exemplo, ficou em US$ 1,061 bilhão no mês passado.
Mas o número esconde um procedimento contábil que inflou o resultado de junho em US$ 825 milhões. Trata-se do valor das chamadas conversões, operações em que uma empresa decide pagar parte de suas dívidas com algumas de suas ações. Dessa forma, os credores são transformados em acionistas.
Nesses casos, o BC contabiliza as duas operações separadamente: primeiro, é feito o pagamento da dívida, para, depois, o mesmo valor ingressar no país como investimento direto. Na prática, porém, não entra nem sai dinheiro do país.

Abaixo do previsto
Se fossem descontadas as conversões, as estatísticas oficiais apontariam para a entrada de apenas US$ 236 milhões em investimentos, valor bem inferior à média mensal de US$ 1,2 bilhão observada entre janeiro e maio deste ano.
De acordo com avaliação do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), os números obtidos até agora indicam que o total de investimentos estrangeiros deste ano deve ficar abaixo dos US$ 18 bilhões previstos pelo BC -no primeiro semestre, o saldo foi de US$ 7,386 bilhões.
"A possível desaceleração da economia mundial no segundo semestre pode desestimular os fluxos de IDE [investimento direto estrangeiro] para as economias emergentes", diz relatório preparado pelo instituto.
A turbulência também afetou o fluxo de financiamentos externos para o Brasil. Em junho, as empresas instaladas no país refinanciaram apenas 32% das parcelas de suas dívidas que venceram no período -o restante teve de ser efetivamente pago, o que significou maiores remessas de dólares para o exterior. Neste mês, também segundo dado parcial de ontem, essa taxa de rolagem dos créditos havia subido para 115%.


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