|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Entrada de capital externo no país melhora neste mês
Depois do pior resultado em quatro anos, ingresso de divisas soma R$ 1,6 bi no mês
Segundo avaliação do Iedi,
o total de investimentos estrangeiros em 2006 deve ficar abaixo da previsão feita pelo BC, de US$ 18 bi
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de sofrer, entre maio
e junho, os efeitos da turbulência causada pela alta dos juros
nos EUA, o fluxo de capital externo para o Brasil dá sinais de
recuperação neste mês.
Segundo o Banco Central,
dados apurados até agora mostram aumento nos investimentos estrangeiros e na captação
de empréstimos no mercado
internacional.
Até ontem, o ingresso de divisas no Brasil em julho totalizava US$ 1,608 bilhão. Em junho,
esse saldo havia ficado negativo
em US$ 2,676 bilhões -o pior
resultado em quatro anos.
Para o chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC,
Luiz Malan, esses números refletem o maior ingresso de investimentos externos e de empréstimos captados por empresas no mercado internacional.
"Os dados mostram redução
na volatilidade causada pela
política monetária norte-americana. Há uma melhora em relação ao que foi observado no
mês passado", afirma Malan.
Nos últimos dois meses, muitos investidores reduziram
suas aplicações em países
emergentes devido à possibilidade de que os juros nos Estados Unidos subissem mais do
que se esperava inicialmente. O
efeito disso logo foi sentido nas
contas externas do Brasil. O
fluxo de investimentos estrangeiros diretos, por exemplo, ficou em US$ 1,061 bilhão no
mês passado.
Mas o número esconde um
procedimento contábil que inflou o resultado de junho em
US$ 825 milhões. Trata-se do
valor das chamadas conversões, operações em que uma
empresa decide pagar parte de
suas dívidas com algumas de
suas ações. Dessa forma, os credores são transformados em
acionistas.
Nesses casos, o BC contabiliza as duas operações separadamente: primeiro, é feito o pagamento da dívida, para, depois, o
mesmo valor ingressar no país
como investimento direto. Na
prática, porém, não entra nem
sai dinheiro do país.
Abaixo do previsto
Se fossem descontadas as
conversões, as estatísticas oficiais apontariam para a entrada
de apenas US$ 236 milhões em
investimentos, valor bem inferior à média mensal de US$ 1,2
bilhão observada entre janeiro
e maio deste ano.
De acordo com avaliação do
Iedi (Instituto de Estudos para
o Desenvolvimento Industrial), os números obtidos até
agora indicam que o total de investimentos estrangeiros deste
ano deve ficar abaixo dos US$
18 bilhões previstos pelo BC
-no primeiro semestre, o saldo
foi de US$ 7,386 bilhões.
"A possível desaceleração da
economia mundial no segundo
semestre pode desestimular os
fluxos de IDE [investimento direto estrangeiro] para as economias emergentes", diz relatório preparado pelo instituto.
A turbulência também afetou o fluxo de financiamentos
externos para o Brasil. Em junho, as empresas instaladas no
país refinanciaram apenas 32%
das parcelas de suas dívidas que
venceram no período -o restante teve de ser efetivamente
pago, o que significou maiores
remessas de dólares para o exterior. Neste mês, também segundo dado parcial de ontem,
essa taxa de rolagem dos créditos havia subido para 115%.
Texto Anterior: Lucro da Gol sobe 45% no 2º trimestre Próximo Texto: Maior remessa de lucro reduz saldo externo Índice
|