DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um aumento inesperado nas remessas de lucros para o exterior fez com que o saldo das contas externas do mês passado ficasse abaixo do projetado pelo Banco Central.
Em junho, a conta de transações correntes -que contabiliza todas as operações de compra e venda de bens e serviços com outros países- ficou positiva em US$ 614 milhões, bem abaixo do US$ 1,7 bilhão estimado pelo BC.
No primeiro semestre deste ano, as multinacionais instaladas no Brasil enviaram US$ 8,850 bilhões para suas matrizes no exterior, valor 45% maior do que o apurado no mesmo período de 2005. Só no mês passado, as remessas somaram US$ 1,609 bilhão.
O chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC, Luiz Malan, afirma que a valorização do câmbio estimula as empresas a mandar dinheiro para fora do país, pois, com uma mesma quantidade de reais, é possível comprar um volume maior de dólares para enviar ao exterior. Além disso, o aumento na rentabilidade de vários setores da economia também ajuda a explicar esse movimento.
Mas Malan diz que não vê motivo para preocupação por causa do saldo em transações correntes abaixo do registrado em junho. "O resultado está dentro do normal. Em alguns meses há aumento, em outros há queda", afirma.

Saldo maior
Neste mês, o BC espera que as remessas de lucros para o exterior percam força e permitam que o superávit das contas externas suba para US$ 2,4 bilhões. A projeção para o ano é de saldo positivo de US$ 7,8 bilhões, pouco mais da metade dos US$ 14,2 bilhões apurados em 2005.
Essa queda é esperada devido ao superávit um pouco menor que deve ser obtido pela balança comercial. No ano passado, as exportações superaram as importações em US$ 44,748 bilhões, número que deve cair para US$ 39 bilhões neste ano, de acordo com o BC.
Além da balança comercial, outros fatores também colaboram para a queda no saldo em transações correntes. Um deles é a conta de turismo internacional, que computa os gastos de turistas brasileiros no exterior e de viajantes estrangeiros em visita ao Brasil.


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