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INDICADORES
Reflexo sobre o IGP-DI é imediato, ao contrário dos demais
Câmbio tem efeito diferente nos vários índices de preços
MAURO ZAFALON
da Redação
A turbulência cambial vivida
pelo país não deve afetar os preços ao consumidor. É o que
pensam Cornélia Nogueira Porto, do Dieese, e Heron do Carmo, da Fipe. Já os preços no atacado devem ser afetados, diz
Paulo Sidney de Melo Cota, da
FGV (Fundação Getúlio Vargas).
Ou seja, os índices de inflação
do Dieese e da Fipe não devem
sofrer pressões, mas o IGP (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) da FGV, que já
acumula 10,83% em 12 meses
até julho, pode subir ainda mais.
Mesmo com a elevação do dólar, as taxas de inflação do Dieese e da Fipe, previstas para ficar
abaixo de 7%, não teriam mudanças neste ano. Já o IGP, que
está previsto em 14% com o dólar a R$ 1,85, pode subir para
15% a 16% se o dólar se mantiver em R$ 2, diz Cota.
A desvalorização de janeiro
foi maior ainda e acabou tendo
pouco reflexo na inflação, diz
Cornélia. O único problema será se o governo tiver de dar novos reajustes para os combustíveis, que vão encarecer as contas da União devido ao dólar
mais valorizado, diz a coordenadora do Índice de Custo de
Vida do Dieese.
A crise é mais política do que
econômica, diz Heron do Carmo. A puxada do dólar está desestabilizando momentaneamente a economia, e o Congresso vai acabar contornando a situação para não ser acusado de
irresponsável, avalia.
O coordenador do Índice de
Preços ao Consumidor da Fipe
diz que, para fazer efeito sobre
os preços ao consumidor, o dólar tem de mudar de patamar e
permanecer elevado por muito
tempo. Mesmo assim, o impacto pode durar até um ano para
ser repassado para o varejo.
Não é o que ocorre com os
preços no atacado. Para Cota, a
alta do dólar é refletida imediatamente. A FGV recebe preços,
principalmente os de commodities, em dólar e os converte
para a cotação do dia. Com isso,
o IPA (Índice de Preços por Atacado), que pesa 60% no IGP, deve subir imediatamente, se realmente o dólar for confirmado
em um patamar mais elevado.
Mas, assim como o IPA registra rapidamente a alta do dólar,
ele também reflete com rapidez
as quedas da moeda norte-americana, diz Cota.
As principais commodities
que provocam impacto no atacado são as agrícolas (café, soja
etc.) e as extrativas minerais.
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