São Paulo, Sábado, 21 de Agosto de 1999
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MERCADO TENSO
País põe em dúvida o pagamento de bradies no valor de US$ 93,5 mi; papéis da dívida caem 11,4%
Equador acena com moratória externa

das agências internacionais

O governo do Equador anunciou ontem que "está procurando alternativas" para o pagamento de títulos da dívida no valor de US$ 93,5 milhões que vencem no próximo dia 31.
O anúncio foi interpretado pelos investidores como sinal de moratória da dívida externa do país, que totaliza US$ 13 bilhões.
O temor de que o país não cumpra seus compromissos externos fez os bônus equatorianos recuar pelo segundo dia consecutivo, ontem. Os bradies equatorianos -títulos da dívida externa renegociados- recuaram 11,4%.
O presidente Jamil Mahuad procurou acalmar os investidores afirmando que não vai decretar moratória unilateralmente.
Mahuad disse que está esperando o retorno da ministra das Finanças, Ana Lucia Armijos, que está em Washington (EUA), para avaliar as melhores alternativas para honrar os compromissos.
Se o Equador declarar moratória, será o primeiro país a deixar de pagar a dívida externa desde a moratória da Rússia, em agosto do ano passado.
O FMI (Fundo Monetário Internacional) anunciou ontem que vai enviar uma missão entre hoje e amanhã para acompanhar a situação e concluir o programa econômico acertado com o país.
O programa, de acordo com o Fundo, irá apoiar "de forma mais abrangente possível" os esforços do governo equatoriano em honrar suas dívidas.
O pacote apresentado pelo governo visa a obtenção de um empréstimo de US$ 400 milhões ao longo de 18 meses.
A ajuda do FMI é considerada essencial para restabelecer a confiança dos investidores no país, que enfrenta sua pior crise em 40 anos.
Nem a recuperação dos preços do petróleo, principal produto exportado pelo país, está conseguindo tirar o Equador da recessão.
O governo, em meio à crescente insatisfação popular, encontra dificuldades para aprovar medidas para reduzir o déficit orçamentário. Mais de 60% da população está em situação de desemprego ou subemprego. A inflação atinge 50% anuais, e a estimativa oficial é de retração de 7% na economia neste ano.
Na tentativa de sair da crise, o Equador abandonou em fevereiro os esforços para defender a moeda local, o sucre, e passou a adotar a livre flutuação do câmbio.
A medida foi tomada para deter a maciça saída de reservas internacionais, que hoje estão em torno de US$ 1,4 bilhão.


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