São Paulo, quarta-feira, 21 de setembro de 2005

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BARRIL DE PÓLVORA

Organização estima que medida resultará em mais 2 milhões de barris/dia; decisão vale por três meses

Opep vai extrair capacidade máxima de óleo

Marc Serota/Reuters
Homem olha ondas em Key West (Flórida); o petróleo caiu apesar de o furacão Rita estar se aproximando da região


DA BLOOMBERG

A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) vai fornecer o máximo de petróleo possível, suspendendo, na prática, seu sistema de cotas pela primeira vez desde a Guerra do Golfo, em 1990, diante da alta dos preços e da ameaça às plataformas de exploração norte-americanas representada pela possível passagem de um novo furacão.
A Opep estima que seus membros conseguirão extrair 2 milhões de barris a mais por dia. O ingresso desses barris no mercado começa em 1º de outubro e se estenderá por três meses, disse o ministro do Petróleo da Líbia, Fathi Shatwan, ontem em Viena.
Qualquer volume adicional terá de vir da Arábia Saudita, o maior país produtor da Opep, porque a maioria dos demais membros da organização está operando no limite de sua capacidade.
O petróleo fechou ontem em queda de 1,7%, cotado a US$ 66,23 em Nova York. Em Londres, o barril fechou a US$ 64,20, com queda de 2%. Os preços do petróleo tiveram anteontem a maior alta diária já registrada, puxados pelas previsões de que o Rita, que se tornou um furacão ontem, ganhará força no golfo do México, tomando o rumo das plataformas de petróleo e refinarias.
As empresas petrolíferas que operam na região continuaram ontem evacuando seus funcionários de plataformas e outras instalações na área.
"O impacto da tempestade é maior que o impacto do acordo" firmado em Viena, disse em entrevista Chakib Khelil, ministro do Petróleo da Argélia.
Esperava-se na semana passada que os membros da Opep elevassem suas cotas, diante das pressões dos países consumidores pela redução dos preços.
O ministro da Fazenda do Reino Unido, Gordon Brown, disse na semana passada que a alta dos combustíveis representava uma "ameaça" ao crescimento da economia e que a Opep deveria extrair mais petróleo.
"Nós estamos oferecendo tudo que temos em nossos bolsos e essa é minha mensagem a Gordon Brown: se ele quer [petróleo], ficaria feliz em vendê-lo a ele", disse Ahmad al-Sabah, presidente da Opep. O comentário de Al-Sabah também mostra a irritação da Opep com o fato de a organização levar a culpa pelos altos preços do petróleo. A Opep afirma que o problema é a falta de capacidade de refino.
O acordo de hoje (ontem) "dá maior flexibilidade para que a Arábia Saudita aumente sua produção independentemente dos limites impostos pelas cotas, e isso é bom", disse Kevin Norrish, analista do Barclays Capital. "Em termos de contribuição para solucionar o problema mundial relativo ao produto, a decisão não deverá fazer grande diferença."

Colaborou a Redação

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