São Paulo, quarta-feira, 21 de setembro de 2005

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EUA

Decisão de aumento de 0,25 ponto não foi unânime

Fed eleva taxa de juros para 3,75% e minimiza os efeitos do Katrina

DA REDAÇÃO

O Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) aumentou ontem a taxa básica de juros do país em 0,25 ponto, para 3,75% ao ano, a mais alta desde julho de 2001.
O aumento nos juros foi o 11º consecutivo, mas um dos membros do comitê responsável pela política monetária discordou da decisão. Mark Olson, presidente do Conselho do Fed, disse que preferia deixar os juros inalterados; foi a primeira vez que a decisão não foi unânime desde julho de 2003.
O Fed também sinalizou no comunicado divulgado ontem que pode continuar aumentando os juros em incrementos de 0,25 ponto, como tem feito desde junho do ano passado em todas as suas reuniões. O comunicado diz que os juros atuais são "acomodativos" (não prejudicam a expansão da economia) e que as taxas de juros podem subir em um ritmo "moderado".
A decisão do Fed era esperada pelo mercado, que chegou a especular, após a passagem do furacão Katrina, que o órgão pudesse suspender a trajetória de alta dos juros. Após uma avaliação melhor dos estragos causados e a divulgação de indicadores conjunturais positivos, no entanto, os investidores passaram a acreditar que o Fed manteria sua política.
O objetivo do Fed é fazer com que a taxa fique em um nível "neutro", que não estimule nem desacelere a economia. Analistas acreditam que estes juros "ideais" estariam entre 4% e 4,5%.
A alta dos juros norte-americanos tende a reduzir a demanda por papéis de países emergentes, como o Brasil. Isso acontece porque o retorno dos títulos dos Estados Unidos aumenta, e, como eles são considerados mais seguros, investidores podem tirar dinheiro de outros investimentos para aplicar em papéis americanos.

Furacão
O Fed disse também em seu comunicado que os gastos dos consumidores, a produção industrial e o desemprego sofrerão um impacto negativo de curto prazo devido à passagem do furacão Katrina. "Enquanto estes desenvolvimentos infelizes aumentaram a incerteza quanto à performance econômica de curto prazo, a visão do comitê é que eles não representam uma ameaça mais persistente", afirmou o Fed.
O Fed indicou, porém, que está mais preocupado com as pressões inflacionárias que podem derivar da alta do petróleo neste ano, em especial após o Katrina.
Para analistas, o tom do comunicado do Fed indica que o órgão ainda não está próximo de terminar o processo de alta dos juros. "O Fed não mudou seu curso devido ao furacão Katrina", disse Ian Shepherdson, economista da High Frequency Economics. "Dados piores nos próximos meses são prováveis, mas eles terão que ser terríveis para convencer Alan Greenspan [presidente do Fed] a parar", afirmou o economista.


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