|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LINHAS CRUZADAS
Investimentos em tecnologia feitos pelas empresas telefônicas não evitam crescimento das reclamações
Clonagem de celular aumenta 57% no ano
PATRÍCIA ZIMMERMANN
DA FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA
As operadoras de telefonia móvel fizeram investimentos significativos em tecnologia, mas não
conseguiram evitar o crescimento
da clonagem de celulares, segundo balanço da Anatel (Agência
Nacional de Telecomunicações).
A agência contabilizou, entre janeiro e agosto, um número 57%
maior de reclamações apenas sobre clonagem de celulares em relação a todo o ano passado. O balanço foi apresentado ontem pelo
presidente da Anatel, Elifas do
Amaral Gurgel, aos senadores da
Comissão de Infra-Estrutura do
Senado. Desde dezembro de 2004,
o número de celulares no país teve
crescimento de 20%.
A Anatel mostrou aos senadores que neste ano sua central de
atendimento recebeu 7.380 reclamações sobre clonagem. Em 2004
como um todo, foram 4.694.
O número preocupa a Anatel
principalmente pela dimensão
que ganhou nos dois últimos
anos. Em 2003, as reclamações registradas sobre o assunto somavam 603.
Técnicos da agência estimam,
no entanto, que o número mensal
de fraudes envolvendo celulares
no Brasil já atinja cerca de 100 mil,
incluindo o uso de documentos
falsos, desvios e roubos de equipamentos, uso indevido de informações por funcionários das empresas, fraudes técnicas e também
a clonagem. Esse número, no entanto, não é captado oficialmente
pela Anatel.
Com base apenas nas reclamações dos usuários, a Vivo lidera o
número de celulares clonados,
com 4.067 reclamações apenas
em 2005, da quais 2.057 somente
em São Paulo. A Claro aparece em
segundo lugar (considerando todas as regiões em que atua), com
1.293 registros, a Telemig Celular,
em terceiro, com 1.088.
A clonagem ocorre quando um
aparelho é reprogramado para
transmitir o código de um assinante em outro telefone. Dessa
forma, as ligações feitas pelo fraudador são debitadas na conta do
celular clonado.
Esse tipo de fraude é mais comum quando o usuário está em
"roaming" (fora da área original
do telefone), e os celulares passam
a operar no sistema analógico,
que tem uma proteção menor
contra fraudes do que as tecnologias digitais.
As empresas que optaram pela
tecnologia GSM, por exemplo,
não têm registrado problemas
com clonagem via captação de sinal radioelétrico. Mas há registros
de cópia do chip (cartão de identificação do usuário e da linha telefônica) utilizado por esse tipo de
aparelho, segundo a Anatel.
Para tentar reduzir essas fraudes, as operadoras, que atuam
num mercado de 78,9 milhões de
usuários, decidiram organizar um
cadastro nacional de celulares
considerados "impedidos".
Esse cadastro tem informações
integradas on-line sobre todos os
aparelhos que não poderiam ser
habilitados por uma outra companhia por envolvimento em algum tipo de fraude, independentemente da tecnologia utilizada
pelas empresas envolvidas.
A Anatel também estuda a possibilidade de redistribuição das
faixas de freqüências para que as
empresas possam prestar o serviço de forma 100% digital em todo
o território nacional, inclusive em
"roaming".
Hoje, isso não é possível, por
exemplo, com a tecnologia
CDMA, utilizada somente pela
Vivo, pois a empresa não tem cobertura nacional. Com essa redistribuição, a agência poderia desativar completamente o sistema
analógico. A Anatel mantém em
seu site (www.anatel.gov.br) informações aos usuários de celular
sobre como prevenir a clonagem
e que providências devem ser tomadas em caso de fraude.
Texto Anterior: EUA: Fed eleva taxa de juros para 3,75% e minimiza os efeitos do Katrina Próximo Texto: Outro lado: Combate a fraude foi ampliado, dizem empresas Índice
|