|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Dilma promete "canteiro de obras públicas e privadas"
Ministra afirma que o PAC deslanchará em 2008, ano de eleições municipais
Ela critica "judicialização
dos conflitos" que travam projetos como o do
Madeira e ataca lista do TCU apontando irregularidades
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A ministra Dilma Rousseff
(Casa Civil) disse ontem à Folha que o Brasil vai se transformar num "canteiro de obras
públicas e privadas" no próximo ano, de eleições municipais,
ao contestar a análise de que o
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento) ainda não está
num ritmo adequado.
Segundo Dilma, o PAC está
amadurecendo e mudando a
cultura do país. "Até pouco
tempo, a questão era segurar o
gasto público, fazer o maior superávit primário possível, isso
criou uma série de entraves que
estão sendo desmontados agora", disse, após divulgação de
balanço do PAC, ressaltando,
porém, a importância de uma
política fiscal responsável.
O segundo balanço do PAC
mostrou que, se subiu de 52,5%
para 79,9% a quantidade de
ações consideradas adequadas,
também subiu a de ações classificadas como preocupantes
-de 8,4% para 9,7%.
Dilma não concorda com o
enfoque negativo. Diz que é
uma "leitura de má vontade"
por considerar uma "tentativa
de provar que o PAC não funciona ou não está ocorrendo,
esbarrando na força da realidade, e isso ficará cada vez mais
difícil de ser defendido".
A ministra admite, por outro
lado, que o ritmo de execução
do PAC com recursos públicos
ainda não chegou ao ponto
ideal, mas ressaltou que já
avançou. Nos dados divulgados
ontem no Planalto, o empenho
do dinheiro do Orçamento da
União -reserva do recurso para gasto- atingiu 45% do total
previsto. Já o valor efetivamente gasto ficou apenas em 9,3%.
Ao destacar que, apesar de
ainda baixo, o valor pago está
maior do que no primeiro balanço, a gerente do PAC disse
que esse ritmo vai melhorar no
próximo balanço, principalmente com o início dos gastos
com saneamento e habitação.
Ao afirmar que o país será
transformado num canteiro de
obras, a ministra não quis se
comprometer com um número. "Não vou me arriscar a dizer
quantas obras porque depois
não acontece e você me cobra",
disse, destacando que hoje já
estão em andamento mais de
1.200 obras do PAC pelo país.
A ministra discorda da análise de que o PAC não estaria
contribuindo para o crescimento do país neste ano. "Só na
habitação já estão contratados
mais de R$ 15,7 bilhões, são
gastos na construção civil, está
faltando engenheiro, isso tem
efeito sim no crescimento."
Dilma reconheceu, porém,
que o governo ainda precisa
"superar entraves" do PAC. Ela
já não cita a trava ambiental como a mais problemática. "Evoluímos muito, todos nós, a área
ambiental está trabalhando conosco, procurando ajudar na
resolução das dificuldades",
disse ela, que no início do ano
travou uma disputa com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, pela concessão das licenças ambientais das usinas hidrelétricas do Madeira.
Na lista de entraves, Dilma
cita hoje principalmente o que
considera a "judicialização dos
conflitos". Segundo ela, a cultura é buscar a solução de conflitos na Justiça, e não administrativamente, o que atrasa a
realização de projetos, como as
usinas do rio Madeira.
E considerou "lamentável" a
divulgação pelo TCU (Tribunal
de Contas da União), anteontem, de lista de obras com graves irregularidades. Para ela, há
inconsistências na lista, já que
obras com problemas solucionados teriam sido apontadas
como problemáticas.
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Luiz Carlos Mendonça de Barros: Os BCs e a recente crise financeira Índice
|