São Paulo, sexta-feira, 21 de setembro de 2007

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Perdas superaram previsão, diz Bernanke

Presidente do BC dos EUA afirma que "fará o necessário" para garantir estabilidade de preços e crescimento econômico

Paulson afirmou, em depoimento a deputados, que fundamentos gerais da economia americana permanecem "sólidos"

Kevin Lamarque/Reuters
O presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, em depoimento em comissão da Câmara dos EUA

DA REDAÇÃO

O presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, afirmou ontem que "ultrapassaram até as estimativas dos mais pessimistas" as perdas financeiras com a turbulências nas Bolsas devido à crise no mercado de crédito imobiliário americano. Ele vem sendo acusado de ter subestimado a crise no seu início, no fim de julho.
"Os investidores também ficaram menos dispostos a assumir riscos", disse em depoimento à comissão de serviços financeiros da Câmara dos Representantes dos EUA.
Mas, apesar da instabilidade no mercados, Bernanke disse que o sistema financeiro mundial está em "posição relativamente forte" para lidar com esse processo.
Sobre a decisão do Fed de terça-feira de reduzir em 0,50 ponto percentual, para 4,75%, a taxa de juros básica, afirmou que a intenção da medida era "ajudar a evitar alguns dos efeitos negativos na economia mais ampla que poderiam surgir devido aos problemas nos mercados financeiros e promover o crescimento moderado". A mesma explicação foi usada no comunicado do Fed ao anunciara redução dos juros, que surpreendeu o mercado que esperava corte de 0,25 ponto.
Segundo ele, os acontecimentos dos últimos dois meses nas Bolsas aumentaram a incerteza em relação ao cenário econômico. Também afirmou que o organismo "fará o necessário" para promover a estabilidade dos preços e o crescimento econômico sustentável. Bernanke disse que a estabilização da economia americana é o "objetivo fundamental" do Fed.
Em relação à crise no mercado crédito imobiliário "subprime" (para pessoas com histórico ruim de pagamento), ele disse que a inadimplência e a execução de hipotecas nesse setor devem crescer mais, porém afirmou ser "difícil precisar" o número de inadimplentes.
De acordo com Bernanke, geralmente são despejados metade dos proprietários de residências que recebem notificação por falta de pagamento por mais de 90 dias. Porém, alertou que esse número poderá ser maior nos próximos trimestres porque há mais pessoas envolvidas com crédito "subprime".

Paulson
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, também compareceu à mesma comissão da Câmara e disse que os fundamentos gerais da economia do país permanecem "sólidos", apesar de alguns setores, como o imobiliário, estarem passando por um período de transição.
"Vai levar tempo para que a atual reavaliação produza efeitos, mas, no meu ponto de vista, a força subjacente da economia deve permitir o crescimento contínuo", afirmou aos deputados. E voltou a dizer que a economia mundial continua forte.
Paulson também elogiou as decisões do Fed de injetar liquidez nos mercados (emprestando mais dinheiro aos bancos) e de cortar a taxa de juros básica e a taxa de redesconto (para empréstimos entre bancos). "As ações do Federal Reserve ajudaram a estabilizar os mercados financeiros", disse.


Com agências internacionais


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