São Paulo, sexta-feira, 21 de setembro de 2007

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Renda do trabalho cai com inflação maior

Ganho recua 0,5%, formalização cresce em ritmo mais acelerado e taxa de desemprego fica estável em 9,5% em agosto

IBGE afirma que o desemprego só não recuou no mês passado por causa do maior número de pessoas buscando vagas

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Sob impacto da alta do custo de vida, a renda do trabalhador caiu 0,5% em agosto na comparação com julho, disse o IBGE. Em relação a agosto/06, ela subiu 1,2%, num ritmo bem mais modesto do que nos meses anteriores e no pior desempenho desde julho de 2005 (-0,5%). Em julho, havia crescido 2,5%.
Na média dos oito primeiros meses do ano, o rendimento cresceu 3,8%, estimado em R$ 1.122. De janeiro a abril, o crescimento médio havia sido mais intenso: 5%. No período, o choque dos preços dos alimentos não tinha ainda afetado com tanta força a inflação -o IPCA subiu 0,47% em agosto, o dobro do índice de julho (0,24%).
"A inflação está subindo e corroendo o rendimento do trabalhador", disse Cimar Azeredo Pereira, do IBGE.
Em agosto, a taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país ficou em 9,5%, estável em relação a julho. Em agosto de 2006, o desemprego era de 10,6%.
Apesar da estagnação, o IBGE viu um mercado de trabalho mais dinâmico em agosto. É que o número de pessoas empregadas nas seis principais regiões metropolitanas do país cresceu 1%. Foram criadas 217 mil vagas de um mês para o outro, a maioria formais.
Segundo Azeredo Pereira, o desemprego só não caiu em agosto porque a procura por trabalho subiu mais intensamente que o número de vagas -a população economicamente ativa subiu 1,1% em relação a julho (258 mil pessoas).
Para o gerente do IBGE, o dado mais importante de agosto foi a crescente formalização da força de trabalho em ritmo mais acelerado. O total de empregados com carteira subiu 2,5% ante julho -220 mil vagas. É o melhor desempenho desde o início da pesquisa, em março de 2002. Na comparação com agosto/06, o emprego com carteira cresceu 7%, mais alta taxa desde maio/05 (7,1%).
O economista Fábio Romão, da LCA, diz que o reajuste menor do mínimo neste ano -5,5%, contra 13% de 2006-, alta menos robusta do emprego industrial e geração de vagas com menor remuneração também reduziram a renda.
O Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) diz que "é notória a progressiva desaceleração do rendimento nos últimos quatro meses", tendência que pode tirar dinamismo do consumo. Para o Iedi, a situação do emprego "não foi favorável" em agosto, quando era esperada uma queda no desemprego, a julgar pelo comportamento histórico do indicador.


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