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Renda do trabalho cai com inflação maior
Ganho recua 0,5%, formalização cresce em ritmo mais acelerado e taxa de desemprego fica estável em 9,5% em agosto
IBGE afirma que o desemprego só não recuou no mês passado por causa do maior número de pessoas buscando vagas
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Sob impacto da alta do custo
de vida, a renda do trabalhador
caiu 0,5% em agosto na comparação com julho, disse o IBGE.
Em relação a agosto/06, ela subiu 1,2%, num ritmo bem mais
modesto do que nos meses anteriores e no pior desempenho
desde julho de 2005 (-0,5%).
Em julho, havia crescido 2,5%.
Na média dos oito primeiros
meses do ano, o rendimento
cresceu 3,8%, estimado em R$
1.122. De janeiro a abril, o crescimento médio havia sido mais
intenso: 5%. No período, o choque dos preços dos alimentos
não tinha ainda afetado com
tanta força a inflação -o IPCA
subiu 0,47% em agosto, o dobro
do índice de julho (0,24%).
"A inflação está subindo e
corroendo o rendimento do
trabalhador", disse Cimar Azeredo Pereira, do IBGE.
Em agosto, a taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país ficou em 9,5%, estável em relação a julho. Em agosto de 2006,
o desemprego era de 10,6%.
Apesar da estagnação, o IBGE viu um mercado de trabalho mais dinâmico em agosto. É
que o número de pessoas empregadas nas seis principais regiões metropolitanas do país
cresceu 1%. Foram criadas 217
mil vagas de um mês para o outro, a maioria formais.
Segundo Azeredo Pereira, o
desemprego só não caiu em
agosto porque a procura por
trabalho subiu mais intensamente que o número de vagas
-a população economicamente ativa subiu 1,1% em relação a
julho (258 mil pessoas).
Para o gerente do IBGE, o dado mais importante de agosto
foi a crescente formalização da
força de trabalho em ritmo
mais acelerado. O total de empregados com carteira subiu
2,5% ante julho -220 mil vagas. É o melhor desempenho
desde o início da pesquisa, em
março de 2002. Na comparação
com agosto/06, o emprego com
carteira cresceu 7%, mais alta
taxa desde maio/05 (7,1%).
O economista Fábio Romão,
da LCA, diz que o reajuste menor do mínimo neste ano
-5,5%, contra 13% de 2006-,
alta menos robusta do emprego
industrial e geração de vagas
com menor remuneração também reduziram a renda.
O Iedi (Instituto de Estudos
para o Desenvolvimento Industrial) diz que "é notória a
progressiva desaceleração do
rendimento nos últimos quatro
meses", tendência que pode tirar dinamismo do consumo.
Para o Iedi, a situação do emprego "não foi favorável" em
agosto, quando era esperada
uma queda no desemprego, a
julgar pelo comportamento
histórico do indicador.
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