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Bolívia seqüestra bens da Queiroz Galvão no país
Construtora brasileira repudia ação do governo e diz que lutará por seus direitos
Autorizados pela Justiça local, policiais bolivianos arrestam equipamentos
em quatro acampamentos da empresa no sul do país
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A MANAUS
VERIDIANA SEDEH
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A Polícia Nacional da Bolívia
realizou ontem um arresto de
bens em quatro acampamentos
da Queiroz Galvão que serviam
para a construção de duas estradas no sul do país.
A ação foi autorizada pela
Justiça boliviana a pedido da
ABC (que administra as estradas). A estatal disse que não se
pronunciaria sobre a medida
para não prejudicar o processo.
Em posse de documentos de
seqüestro de bens, os policiais
fizeram um levantamento de
todos os equipamentos que havia no local e impediu a empresa de removê-los.
A Queiroz Galvão disse, em
nota, que "repudia e lamenta os
atos de seqüestro de bens em
seus canteiros de obras e o
constrangimento de que foi vítima na Bolívia". E reiterou que
"não abrirá mão de lutar pelos
seus direitos e de procurar obter a devida reparação pelos
prejuízos e danos sofridos".
No último dia 12, o governo
boliviano anunciou a criação de
uma comissão interministerial
para encaminhar a rescisão do
contrato com a empresa para a
construção das duas estradas
por supostas irregularidades na
execução delas. Desde a anulação contratual, oficializada no
dia 14, os trabalhos foram paralisados pela construtora.
A Bolívia acusa a empresa
brasileira de não cumprir com
o cronograma de obras previsto
no contrato e do aparecimento
de fissuras em trechos do pavimento recém-construídos.
A Bolívia e a Queiroz Galvão
trocam acusações sobre a culpa
desse problema. Para o governo, as rachaduras são resultado
do não-cumprimento de especificações técnicas, evidenciadas pelo surgimento de material orgânico no asfalto.
Já a empreiteira brasileira
culpa o projeto -de responsabilidade do Estado boliviano-
por prever o uso de pavimento
rígido (cimento) numa região
semidesértica, onde o adequado seria a utilização de pavimento flexível (asfalto).
A construtora estuda com
seus advogados se vai entrar na
Justiça contra a rescisão.
O contrato com a Queiroz
Galvão foi assinado no fim de
2003, no governo Carlos Mesa,
e se refere a duas estradas de
433 km -cerca de 70% dos trabalhos estão concluídos. A obra
tem um orçamento de US$ 198
milhões, dos quais US$ 120 milhões foram financiados pelo
Proex (Programa de Financiamento às Exportações), operado pelo Banco do Brasil. Com a
rescisão, o financiamento terá
de ser cancelado. De acordo
com o Ministério do Desenvolvimento, não há risco de calote,
pois o empréstimo tem garantia do governo boliviano.
A Queiroz Galvão tem imagem desgastada com a Bolívia
sobretudo após o desabamento, no início do ano, de um túnel
recém-construído pela empresa em outra estrada. Até hoje
não houve acordo para o caso.
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