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Cinema brasileiro é alvo de investidores
Argentino que investiu US$ 2 mi em "Tropa de Elite" cria fundo de US$ 25 mi para injetar recursos em projetos do setor
Empresário busca brasileiro para incrementar fundo no
mesmo modelo de empresa
que tem nos EUA com os
ex-sócios da Miramax
DA SUCURSAL DO RIO
Luz, câmera e...ações! Antes
marginalizado e fora dos grandes circuitos internacionais, o
cinema latino-americano atrai
investidores dispostos não a ser
beneméritos da cultura mas a
ganhar dinheiro com o setor.
O empresário argentino
Eduardo Constantini Filho, 31
-que está no Brasil para acompanhar a estréia de "Tropa de
Elite", do diretor José Padilha,
no qual investiu US$ 2 milhões-, é um exemplo: constituiu um fundo de US$ 25 milhões para aportar recursos em projetos do setor.
O capital, disse, permite investir em 15 filmes ao longo de
cinco anos. Mas, diante de suas
pretensões, o dinheiro é pouco.
Por isso, o empresário busca
um sócio brasileiro que lhe possibilite alavancar o fundo e, ao
menos tempo, captar bons roteiros e projetos consistentes
de diretores brasileiros.
O modelo já é adotado por
sua empresa, a TLAFC (The
Latin American Film Company), nos EUA. Lá, está associado aos irmãos Bob e Harvey
Weinstein, ex-donos e fundadores da Miramax. Associação
semelhante tem no México.
Falta, porém, encontrar um
sócio no país, diz Constantini.
"O Brasil é um mercado grande
e promissor, com uma tradição
de bons diretores", afirma.
Constantini apostou suas
mais altas fichas no longa "Tropa de Elite", que abriu ontem o
Festival do Rio e que entra em
circuito comercial em 12 de outubro -depois de ter virado
produto fácil nos camelôs do
Rio e de São Paulo.
Do mesmo diretor do documentário "Ônibus 174", "Tropa
de Elite" recebeu o maior aporte de toda a história da TLAFC,
sinal de confiança no projeto,
segundo o empresário.
Oscar
"Estamos trabalhando para
distribuir o filme no exterior e,
oxalá, colocá-lo na disputa do
Oscar de filme estrangeiro.
Harvey Weinstein veio ao Brasil para o festival com o objetivo
de promover o filme e ajudar
numa possível indicação ao Oscar. Ele está muito empolgado
com o projeto", disse.
O investidor espera 500 mil
espectadores para "Tropa de
Elite", que já tem 150 cópias
distribuídas no país.
O fundo, conta o empresário,
funciona em duas mãos: procura filmes na América Latina para investir e distribuir no mundo e busca produções fora do
continente com potencial para
serem exibidas no país.
É o caso de "A Rainha", que
recebeu US$ 700 mil do fundo
e se credenciou a concorrer a
seis estatuetas do Oscar. Só na
América Latina, foi visto por
mais de 1 milhão de pessoas.
Constantini começou a trabalhar com o pai no mercado financeiro. Foi diretor da Consultatio Asset Management de
1995 a 2000. Naquele ano, começou a estudar cinema. Dois
anos depois, passou a diretor
do museu Malba, em Buenos
Aires, que abriga a coleção de
arte de sua família.
Constantini pai é um dos
mais importante colecionadores de arte da América Latina,
com interesse particular na
brasileira. Comprou em um leilão, em 1995, "Abaporu", de
Tarsila do Amaral, por cerca de
US$ 1,5 milhão.
(PEDRO SOARES)
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