São Paulo, sexta-feira, 21 de setembro de 2007

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Cinema brasileiro é alvo de investidores

Argentino que investiu US$ 2 mi em "Tropa de Elite" cria fundo de US$ 25 mi para injetar recursos em projetos do setor

Empresário busca brasileiro para incrementar fundo no mesmo modelo de empresa que tem nos EUA com os ex-sócios da Miramax

DA SUCURSAL DO RIO

Luz, câmera e...ações! Antes marginalizado e fora dos grandes circuitos internacionais, o cinema latino-americano atrai investidores dispostos não a ser beneméritos da cultura mas a ganhar dinheiro com o setor.
O empresário argentino Eduardo Constantini Filho, 31 -que está no Brasil para acompanhar a estréia de "Tropa de Elite", do diretor José Padilha, no qual investiu US$ 2 milhões-, é um exemplo: constituiu um fundo de US$ 25 milhões para aportar recursos em projetos do setor.
O capital, disse, permite investir em 15 filmes ao longo de cinco anos. Mas, diante de suas pretensões, o dinheiro é pouco. Por isso, o empresário busca um sócio brasileiro que lhe possibilite alavancar o fundo e, ao menos tempo, captar bons roteiros e projetos consistentes de diretores brasileiros.
O modelo já é adotado por sua empresa, a TLAFC (The Latin American Film Company), nos EUA. Lá, está associado aos irmãos Bob e Harvey Weinstein, ex-donos e fundadores da Miramax. Associação semelhante tem no México.
Falta, porém, encontrar um sócio no país, diz Constantini. "O Brasil é um mercado grande e promissor, com uma tradição de bons diretores", afirma.
Constantini apostou suas mais altas fichas no longa "Tropa de Elite", que abriu ontem o Festival do Rio e que entra em circuito comercial em 12 de outubro -depois de ter virado produto fácil nos camelôs do Rio e de São Paulo.
Do mesmo diretor do documentário "Ônibus 174", "Tropa de Elite" recebeu o maior aporte de toda a história da TLAFC, sinal de confiança no projeto, segundo o empresário.

Oscar
"Estamos trabalhando para distribuir o filme no exterior e, oxalá, colocá-lo na disputa do Oscar de filme estrangeiro. Harvey Weinstein veio ao Brasil para o festival com o objetivo de promover o filme e ajudar numa possível indicação ao Oscar. Ele está muito empolgado com o projeto", disse.
O investidor espera 500 mil espectadores para "Tropa de Elite", que já tem 150 cópias distribuídas no país.
O fundo, conta o empresário, funciona em duas mãos: procura filmes na América Latina para investir e distribuir no mundo e busca produções fora do continente com potencial para serem exibidas no país.
É o caso de "A Rainha", que recebeu US$ 700 mil do fundo e se credenciou a concorrer a seis estatuetas do Oscar. Só na América Latina, foi visto por mais de 1 milhão de pessoas.
Constantini começou a trabalhar com o pai no mercado financeiro. Foi diretor da Consultatio Asset Management de 1995 a 2000. Naquele ano, começou a estudar cinema. Dois anos depois, passou a diretor do museu Malba, em Buenos Aires, que abriga a coleção de arte de sua família.
Constantini pai é um dos mais importante colecionadores de arte da América Latina, com interesse particular na brasileira. Comprou em um leilão, em 1995, "Abaporu", de Tarsila do Amaral, por cerca de US$ 1,5 milhão. (PEDRO SOARES)


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