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Estrangeiro e IPO alimentam alta da Bolsa
Após crise, nova onda de abertura de capitais deve movimentar Bovespa e trazer mais dólares, valorizando o real
Nova onda de lançamento de ações deve ser liderada pelo banco Santander, que pode captar de R$ 7 bilhões a R$ 9 bilhões já em outubro
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dos fatores fundamentais para a Bovespa se manter
em rota de alta é o apetite do investidor estrangeiro por novas
e antigas ações de empresas
brasileiras. Categoria que mais
negocia na Bolsa local, os estrangeiros têm força para mexer com o mercado, tanto para
cima como para baixo.
Os estrangeiros são peça-chave na retomada dos IPOs
(oferta inicial de ações) e das
ofertas de papéis já existentes,
congelados durante o período
da crise internacional. Em
2007, quando 64 novas companhias estrearam na Bolsa, os estrangeiros ficaram com cerca
de 70% dos papéis ofertados.
No forno, estão as aberturas
de capital da empresa de tecnologia Tivit, da financeira Brazilian Finance & Real State, da
Direcional Engenharia e da Cetip, que faz o registro de títulos
privados. A expectativa é que
essas empresas consigam captar entre US$ 7 bilhões e US$ 8
bilhões, dependendo do apetite
dos investidores.
A maior operação, no entanto, é a do banco Santander, que
já tem ações negociadas na Bolsa, mas sem liquidez. A previsão do mercado é que o banco
levante entre R$ 7,1 bilhões e
R$ 9 bilhões ainda em outubro.
Também deve captar nos
EUA o braço internacional da
brasileira JBS-Friboi, nova líder mundial em carnes, que
anunciou na semana passada a
incorporação da Bertin e da
americana Pilgrim's Pride. Em
junho, a processadora de cartões VisaNet reabriu o mercado
de IPO com captação de R$ 8,4
bilhões na Bolsa, sendo 57% adquirido por estrangeiros.
A volta das ofertas de ações já
mexe até com o mercado de
câmbio, segundo analistas. Esse seria um dos motivos da recente queda da moeda americana, que encerrou a última
sexta-feira em R$ 1,809.
"O clima é quase de euforia
por conta da retomada das captações externas e das ofertas de
ações, que alimentam a expectativa de ingressos de recursos
externos no país e reforça a tendência de baixa do dólar", disse
Miriam Tavares, diretora da
corretora de câmbio AGK.
Estrangeiros
Muito da alta da Bolsa neste
ano se deve aos estrangeiros,
que trouxeram líquidos R$
14,65 bilhões para o mercado
acionário local -a maior entrada registrada em um ano. No
ano passado, o que ocorreu foi
exatamente o inverso.
O agravamento da crise econômica internacional fez o capital externo fugir da Bovespa,
tendo havido saída líquida de
R$ 24,6 bilhões em 2008. Esse
movimento foi decisivo para a
Bolsa sofrer desvalorização de
41,22% no ano passado -a
maior queda desde 1972.
Para o fluxo de capital externo se manter para o mercado
local, é importante que a economia internacional continue
dando sinais de que a recessão
está ficando para trás.
A manutenção dos juros em
níveis baixos nas principais
economias do mundo é outro
fator relevante. Isso porque, se
países como os Estados Unidos
e a Inglaterra começarem a subir seus juros, poderão atrair
grandes investidores que neste
momento estão alocados nos
mercados de ações, aceitando
mais riscos na tentativa de lucrarem mais.
"O comportamento da Bolsa
é compatível com os indicadores econômicos que têm sido
divulgados. Mas daqui para o
fim do ano devemos ter algumas correções mais acentuadas. De qualquer forma, pensar
na Bovespa em 65 mil pontos
neste ano é algo factível", avalia
Jason Freitas Vieira, economista-chefe da UpTrend Consultoria Econômica.
(FABRICIO VIEIRA E TONI SCIARRETTA)
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