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CRISE NOVA
Moeda dos EUA atinge maior valor em relação ao real desde dezembro de 99; mercado deve acordar quente na segunda
Argentina e Israel levam dólar a alta recorde
FABRICIO VIEIRA
LEONARDO SOUZA
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise no Oriente Médio e a
preocupação com a economia argentina, mais uma vez, causaram
nervosismo no mercado de câmbio ontem. O dólar comercial subiu pelo quarto dia consecutivo
para fechar a R$ 1,886 (venda), a
maior cotação desde 1º de dezembro do ano passado. A alta foi de
0,37% em relação ao encerramento do dia anterior.
O mercado iniciou os negócios
estável, com sinais positivos do
cenário externo, como a alta das
Bolsas norte-americanas. Mas no
fim da manhã rumores sobre a situação econômica da Argentina
se intensificaram e passaram a
pressionar a moeda.
O boato de uma possível renúncia do ministro das Finanças da
Argentina, José Luis Machinea,
foi o estopim.
A notícia de que Israel abandonaria as negociações com os palestinos, o que agravaria a crise no
Oriente Médio e, assim, a pressão
sobre o preço do petróleo, complementou o quadro de incertezas
e fez com que o dólar comercial
atingisse rapidamente a maior alta do dia, R$ 1,888.
"Um dos principais problemas
com a volatilidade do petróleo é o
quanto a crise vai atingir nossos
parceiros comerciais, prejudicando as nossas exportações", afirma
Dagoberto Proença Marques, da
corretora Socopa.
A volatilidade do petróleo já havia feito o dólar atingir a máxima
cotação do ano no último dia 13.
"O mercado de câmbio é muito
sensível e acaba havendo um certo exagero nessa cotação", analisa
Marques.
Segundo operadores, nessa
época do ano empresas multinacionais começam a pressionar o
mercado de câmbio comprando
dólares para remessas de lucros e
dividendos. Essa é uma forma de
fazerem "hedge" (proteção contra as oscilações da moeda).
O desenrolar na crise do Oriente
Médio no fim-de-semana será
fundamental para o mercado na
abertura dos negócios na segunda-feira.
O problema mora ao lado
A deterioração do quadro político-econômico da Argentina gera incertezas para os demais países da América Latina. Os investidores estrangeiros costumam pôr
os países emergentes em um mesmo saco, quando a situação aperta em um desses mercados.
No caso do Brasil e da Argentina, essa generalização é forte devido à proximidade entre os dois
países e à parceria econômica, como integrantes do Mercosul. Na
opinião do professor Willian Eid
Júnior, da FGV-SP, a Argentina
está em um "beco sem saída",
amarrada pelo atual sistema de
câmbio rígido.
Na avaliação do professor, o
melhor para os dois países seria
que a Argentina desfizesse de vez
o nó que a segura, mesmo que
provocasse complicações no curto prazo. "A desvalorização da
moeda geraria incertezas durante
um certo tempo, mas resolveria o
problema", disse ele. O câmbio fixo tem impedido o crescimento
econômico argentino.
Alguns analistas acreditam que
o dólar pode voltar a subir na segunda-feira, dependendo dos
acontecimentos políticos no país
vizinho no final de semana.
"A preocupação em relação à
Argentina é sempre refletida na
nossa taxa de câmbio", disse Milton Eggers, diretor de tesouraria
do banco Votorantim.
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