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TELEFONIA
Finlandeses compram indústria de produção de celulares por R$ 770 mi, mas marca fica com a empresa brasileira
Gradiente negocia fábrica com a Nokia
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Numa jogada rápida, a Gradiente Telecom vendeu sua participação (49%) na empresa NGI Industrial, onde são fabricados os
celulares da marca.
Desde ontem, a empresa finlandesa Nokia, que já detinha 51% da
NGI, passou a ser a única dona do
negócio. Valor da operação: R$
770 milhões, ou US$ 415 milhões.
A marca Gradiente continuará
existindo e pertencendo ao grupo.
A Nokia só fabricará os aparelhos
para a empresa brasileira, dentro
do sistema de terceirização de
produção.
Por pouco a BNDESPar, empresa de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, não ficou com o
negócio, ou melhor, 10% dele, já
que Eugênio Staub, dono da Gradiente Eletrônica -e da subsidiária Gradiente Telecom- tinha
pensando primeiro no banco de
fomento.
Apenas em setembro, um ano
após os primeiros contatos, a
BNDESPar deu sinal verde para a
operação, ainda que com pequenas ressalvas. Mas o empresário já
tinha a intenção de bater o martelo na direção da Nokia. E o fez só
120 dias após o início das conversas com os finlandeses. "O banco
demorou muito para definir a
operação, e a Nokia se tornou boa
opção", diz Staub.
Na verdade, se vendesse 10%,
como queria a princípio a Gradiente, ela embolsaria algo em
torno de R$ 40 milhões líquidos,
que poderiam ser utilizados para
abater as dívidas do grupo. Com o
fim da joint venture, e a venda para a Nokia, entra um montante de
cerca de R$ 770 milhões.
Pelo balanço anual de 99, a empresa tem R$ 344,8 milhões de dívidas de longo prazo (empréstimos e financiamentos) e o dinheiro vai ser usado em parte para reduzir esse buraco. Em 99, a empresa lucrou R$ 24,7 milhões.
O que os analistas de investimento tentam entender é porque
a Gradiente resolveu vender a galinha dos ovos de ouro do grupo.
A área de telecomunicações já foi
responsável por metade do faturamento da empresa. As vendas
de celulares devem crescer neste
ano e há expectativa de novos ganhos com a expansão da linguagem "wap", que integrará os sistemas de celulares com a Internet.
A resposta é dada pelo próprio
Staub. Para ele, a fase de ganhos
estratosféricos acabou. A hora de
sair é agora para apostar em outros negócios. A Nokia, agora ex-parceira, não concorda.
Pelas contas do próprio CEO da
empresa, Jorma Ollila, divulgadas
nesta semana, existirão 550 milhões de aparelhos no mundo em
2001. No Brasil, esse mercado vai
crescer entre 25% e 35% no próximo ano e o país vai ter 60 milhões
de aparelhos até 2005, diz Ollila.
"O mercado vai continuar em
expansão e com a compra da fábrica elevaremos a produção e
passaremos a exportar para a
América Latina", diz Edward Fernandez, presidente da Nokia no
Brasil.
Com o caixa mais recheado, a
Gradiente tem planos de fechar
parcerias nas áreas de áudio e vídeo, entretenimento e segurança,
setores que a companhia já atua
por meio de suas subsidiárias.
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