São Paulo, sábado, 21 de outubro de 2000

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TELEFONIA
Finlandeses compram indústria de produção de celulares por R$ 770 mi, mas marca fica com a empresa brasileira
Gradiente negocia fábrica com a Nokia

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Numa jogada rápida, a Gradiente Telecom vendeu sua participação (49%) na empresa NGI Industrial, onde são fabricados os celulares da marca.
Desde ontem, a empresa finlandesa Nokia, que já detinha 51% da NGI, passou a ser a única dona do negócio. Valor da operação: R$ 770 milhões, ou US$ 415 milhões.
A marca Gradiente continuará existindo e pertencendo ao grupo. A Nokia só fabricará os aparelhos para a empresa brasileira, dentro do sistema de terceirização de produção.
Por pouco a BNDESPar, empresa de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, não ficou com o negócio, ou melhor, 10% dele, já que Eugênio Staub, dono da Gradiente Eletrônica -e da subsidiária Gradiente Telecom- tinha pensando primeiro no banco de fomento.
Apenas em setembro, um ano após os primeiros contatos, a BNDESPar deu sinal verde para a operação, ainda que com pequenas ressalvas. Mas o empresário já tinha a intenção de bater o martelo na direção da Nokia. E o fez só 120 dias após o início das conversas com os finlandeses. "O banco demorou muito para definir a operação, e a Nokia se tornou boa opção", diz Staub.
Na verdade, se vendesse 10%, como queria a princípio a Gradiente, ela embolsaria algo em torno de R$ 40 milhões líquidos, que poderiam ser utilizados para abater as dívidas do grupo. Com o fim da joint venture, e a venda para a Nokia, entra um montante de cerca de R$ 770 milhões.
Pelo balanço anual de 99, a empresa tem R$ 344,8 milhões de dívidas de longo prazo (empréstimos e financiamentos) e o dinheiro vai ser usado em parte para reduzir esse buraco. Em 99, a empresa lucrou R$ 24,7 milhões.
O que os analistas de investimento tentam entender é porque a Gradiente resolveu vender a galinha dos ovos de ouro do grupo. A área de telecomunicações já foi responsável por metade do faturamento da empresa. As vendas de celulares devem crescer neste ano e há expectativa de novos ganhos com a expansão da linguagem "wap", que integrará os sistemas de celulares com a Internet.
A resposta é dada pelo próprio Staub. Para ele, a fase de ganhos estratosféricos acabou. A hora de sair é agora para apostar em outros negócios. A Nokia, agora ex-parceira, não concorda.
Pelas contas do próprio CEO da empresa, Jorma Ollila, divulgadas nesta semana, existirão 550 milhões de aparelhos no mundo em 2001. No Brasil, esse mercado vai crescer entre 25% e 35% no próximo ano e o país vai ter 60 milhões de aparelhos até 2005, diz Ollila.
"O mercado vai continuar em expansão e com a compra da fábrica elevaremos a produção e passaremos a exportar para a América Latina", diz Edward Fernandez, presidente da Nokia no Brasil.
Com o caixa mais recheado, a Gradiente tem planos de fechar parcerias nas áreas de áudio e vídeo, entretenimento e segurança, setores que a companhia já atua por meio de suas subsidiárias.



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