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Brasil, de novo, só cresce mais que Haiti
Segundo pesquisa da Austin Rating com países da América Latina, a região terá uma expansão maior que a brasileira
País deve empatar com Equador, com alta de 3% do PIB, e ficar atrás da Bolívia de Evo Morales (4,1%)
e do Paraguai (3,5%)
JOÃO SANDRINI
DA FOLHA ONLINE
Pelo segundo ano seguido, o
PIB (Produto Interno Bruto,
soma das riquezas produzidas
por um país) do Brasil só deve
crescer mais que o do Haiti entre os países da América Latina.
Segundo ranking de 19 países
da consultoria Austin Rating a
partir de dados do FMI, da Cepal e do Banco Central, se em
2006 o Brasil crescer 3%, como
prevêem em média as mais de
cem instituições financeiras
consultadas no boletim Focus
do BC, só o Haiti, que continua
em guerra civil, terá uma alta
menor do PIB, de 2,3%.
Segundo a Austin, o Brasil vai
empatar com o Equador (3%) e
ficará atrás de países como Paraguai (3,5%), El Salvador
(3,5%), Costa Rica (3,7%) e a
Bolívia (4,1%) de Evo Morales.
A situação é semelhante à do
ano passado, quando o PIB brasileiro cresceu 2,3%, superando
só o Haiti (1,8%) e atrás de El
Salvador (2,8%) e Paraguai
(2,9%). O último ano em que o
Brasil teve crescimento significativo foi o de 2004 -4,9%
Na média, a América Latina
deve crescer 4,6% em 2006. A
Argentina deve liderar o ranking com uma alta do PIB de
8%, após ter expansão de 9,2%
no ano passado.
Para o economista-chefe da
Austin Rating, Alex Agostini, os
juros altos -que refletem problemas estruturais da economia do país- ainda são o principal entrave para a economia.
Apesar de a Selic (taxa básica de
juros) ser hoje a menor desde o
início das reuniões do Copom
(Comitê de Política Monetária
do BC) em 1996, a taxa nominal
de 13,75% ainda representa juros reais de mais de 9%, os
maiores do mundo.
"A inflação em abril já apontava para uma situação bem
tranqüila, e o BC continuou a
baixar de forma muito modesta
a taxa de juros. Aí o investimento se concentrou no mercado
financeiro. É o grande erro da
política econômica", disse.
Já Marcio Pochmann, professor do Instituto de Economia da Unicamp, afirmou que,
para "salvar a década" e o Brasil
crescer entre 5% e 6% ao ano, o
próximo presidente terá que
reduzir os juros. Ele criticou os
programas de governo dos dois
candidatos a presidente, Luiz
Inácio Lula da Silva e Geraldo
Alckmin, por não terem apresentado propostas concretas
para a recuperação da capacidade de investimento do Estado e a melhora do gasto público.
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