|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para economistas, alta tem efeito simbólico
DA REPORTAGEM LOCAL
A elevação dos juros ontem de
21% para 22% ao ano terá um
efeito simbólico. Reflete uma tentativa do Banco Central de defender sua credibilidade no mercado.
Na prática, não vai conter as pressões inflacionárias, mas deverá
frear a disparada nas expectativas
de inflação do mercado para 2003.
É isso o que pensam economistas e analistas do mercado, que já
esperavam por uma alta de um
ponto percentual na taxa Selic.
"Acho que o aumento de ontem
representou mais uma sinalização
para o mercado de que o Banco
Central estará olhando para a inflação até o fim do mandato", diz
Alexandre Maia, economista da
GAP Asset Management.
Segundo analistas, a elevação
recente dos índices de inflação só
deverá ser contida com a valorização do real. De acordo com Fábio
Akira, economista do JP Morgan,
a indicação do novo presidente do
BC e a afirmação formal do PT de
que manterá o regime de metas de
inflação também são fundamentais para a queda das expectativas
de crescimento dos preços.
Essas expectativas são importantes porque, segundo analistas,
parte da elevação recente de preços está bastante ligada à percepção no mercado de varejo de que a
inflação terá uma forte alta.
"A expectativa de uma inflação
maior demonstra uma quebra na
credibilidade do BC", afirma
Aquiles Mosca, economista do
ABN-Amro Asset Management.
Segundo o economista Fabio
Giambiagi, gerente do Departamento de Economia do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o aumento dos juros é medida "coerente" com a política atual e com a
meta de inflação de 4% para 2003.
"O Copom elevou os juros pensando nessa meta, não existe outra. Na ausência de novos parâmetros, vale o que se adotou até
agora", afirma Giambiagi.
Segundo ele, a atuação do Copom pode mudar se a nova direção do BC decidir mexer na meta:
a "melhor alternativa" seria elevá-la para 7% (com tolerância de
dois pontos percentuais) e trabalhar para que seja cumprida.
Já Paulo Leme, diretor para a
América Latina do Goldman
Sachs, não descarta a hipótese de
novo aumento dos juros. Ele defende ainda a elevação do superávit primário de 3,75% para 5% do
PIB em 2003, para promover um
"choque de credibilidade".
Colaborou a Sucursal do Rio
Texto Anterior: Inflação não justifica juro maior, diz Piva Próximo Texto: R$ 26,7 bi a menos: Queda do dólar alivia a dívida mobiliária Índice
|