São Paulo, quinta-feira, 21 de novembro de 2002

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Para economistas, alta tem efeito simbólico

DA REPORTAGEM LOCAL

A elevação dos juros ontem de 21% para 22% ao ano terá um efeito simbólico. Reflete uma tentativa do Banco Central de defender sua credibilidade no mercado. Na prática, não vai conter as pressões inflacionárias, mas deverá frear a disparada nas expectativas de inflação do mercado para 2003.
É isso o que pensam economistas e analistas do mercado, que já esperavam por uma alta de um ponto percentual na taxa Selic.
"Acho que o aumento de ontem representou mais uma sinalização para o mercado de que o Banco Central estará olhando para a inflação até o fim do mandato", diz Alexandre Maia, economista da GAP Asset Management.
Segundo analistas, a elevação recente dos índices de inflação só deverá ser contida com a valorização do real. De acordo com Fábio Akira, economista do JP Morgan, a indicação do novo presidente do BC e a afirmação formal do PT de que manterá o regime de metas de inflação também são fundamentais para a queda das expectativas de crescimento dos preços.
Essas expectativas são importantes porque, segundo analistas, parte da elevação recente de preços está bastante ligada à percepção no mercado de varejo de que a inflação terá uma forte alta.
"A expectativa de uma inflação maior demonstra uma quebra na credibilidade do BC", afirma Aquiles Mosca, economista do ABN-Amro Asset Management.
Segundo o economista Fabio Giambiagi, gerente do Departamento de Economia do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o aumento dos juros é medida "coerente" com a política atual e com a meta de inflação de 4% para 2003.
"O Copom elevou os juros pensando nessa meta, não existe outra. Na ausência de novos parâmetros, vale o que se adotou até agora", afirma Giambiagi.
Segundo ele, a atuação do Copom pode mudar se a nova direção do BC decidir mexer na meta: a "melhor alternativa" seria elevá-la para 7% (com tolerância de dois pontos percentuais) e trabalhar para que seja cumprida.
Já Paulo Leme, diretor para a América Latina do Goldman Sachs, não descarta a hipótese de novo aumento dos juros. Ele defende ainda a elevação do superávit primário de 3,75% para 5% do PIB em 2003, para promover um "choque de credibilidade".


Colaborou a Sucursal do Rio


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