São Paulo, quinta-feira, 21 de novembro de 2002

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AVIAÇÃO

Demora na certificação faz a empresa adiar, pela primeira vez desde a privatização, a entrega de uma aeronave

Embraer vai atrasar entrega de novo jato

MARCELO CLARET
FREE-LANCE PARA A FOLHA VALE

O atraso na certificação do jato 170, devido a problemas no desenvolvimento do modelo, fez com que a Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica) adiasse, pela primeira vez desde sua privatização, em 96, a entrega de aeronaves a seus clientes.
A empresa decidiu prorrogar, por pelo menos nove meses, a entrega de jatos 170 à companhia suíça Swiss, primeiro comprador do modelo, que tem contratos para a aquisição de 30 jatos e opção de compra para outros 50. O preço médio de venda do Embraer 170, que tem capacidade para 70 passageiros, é de US$ 23 milhões.
As aeronaves, que deveriam ser entregues no início de 2003, serão enviadas à Swiss somente a partir de setembro do mesmo ano.
A informação é da própria companhia suíça, que afirmou que o adiamento ocorreu em razão de problemas verificados no trem de pouso do modelo, equipamento fabricado pela Eleb (Embraer Liebherr Equipamentos do Brasil), uma subsidiária da Embraer.
A assessoria de imprensa da Embraer confirmou à Folha o adiamento na entrega e o atribuiu ao atraso na certificação do jato, que é feita por órgãos dos governos brasileiro e americano. Sem a certificação, o jato não pode voar.
Segundo nota da empresa, a certificação foi adiada por problemas no desenvolvimento dos sistemas e softwares da aeronave.
De acordo com a assessoria de imprensa da Swiss, em São Paulo, que não informou quantos jatos 170 seriam entregues em 2003, a empresa teve que remanejar sua frota de aviões por causa do atraso anunciado pela Embraer.
Além dos jatos 170, a Swiss tem com a Embraer contratos para a aquisição de jatos 195 (30 pedidos firmes e 50 compras).
O Embraer 170 é a grande aposta da empresa no mercado de jatos regionais de pequeno e médio porte. O modelo foi projetado para concorrer com os jatos do mesmo tipo comercializados pela Bombardier, seu principal concorrente. No desenvolvimento da aeronave foram investidos cerca de US$ 850 milhões.
O protótipo do jato 170 já apresentou, pelo menos, duas panes desde o seu lançamento. O primeiro problema ocorreu no dia do vôo inaugural, em 18 de fevereiro deste ano. Na ocasião, o FTI (Fly Test Instrumentation), um equipamento parecido com um pára-quedas acoplado à cauda da aeronave, não funcionou.
A segunda pane ocorreu no mês de setembro deste ano, durante um teste de solo na pista da unidade de Gavião Peixoto (SP). A aeronave derrapou e a parte inferior do jato, que se arrastou pela pista, foi danificada.


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