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AVIAÇÃO
Demora na certificação faz a empresa adiar, pela primeira vez desde a privatização, a entrega de uma aeronave
Embraer vai atrasar entrega de novo jato
MARCELO CLARET
FREE-LANCE PARA A FOLHA VALE
O atraso na certificação do jato
170, devido a problemas no desenvolvimento do modelo, fez
com que a Embraer (Empresa
Brasileira de Aeronáutica) adiasse, pela primeira vez desde sua
privatização, em 96, a entrega de
aeronaves a seus clientes.
A empresa decidiu prorrogar,
por pelo menos nove meses, a entrega de jatos 170 à companhia
suíça Swiss, primeiro comprador
do modelo, que tem contratos para a aquisição de 30 jatos e opção
de compra para outros 50. O preço médio de venda do Embraer
170, que tem capacidade para 70
passageiros, é de US$ 23 milhões.
As aeronaves, que deveriam ser
entregues no início de 2003, serão
enviadas à Swiss somente a partir
de setembro do mesmo ano.
A informação é da própria companhia suíça, que afirmou que o
adiamento ocorreu em razão de
problemas verificados no trem de
pouso do modelo, equipamento
fabricado pela Eleb (Embraer Liebherr Equipamentos do Brasil),
uma subsidiária da Embraer.
A assessoria de imprensa da
Embraer confirmou à Folha o
adiamento na entrega e o atribuiu
ao atraso na certificação do jato,
que é feita por órgãos dos governos brasileiro e americano. Sem a
certificação, o jato não pode voar.
Segundo nota da empresa, a
certificação foi adiada por problemas no desenvolvimento dos sistemas e softwares da aeronave.
De acordo com a assessoria de
imprensa da Swiss, em São Paulo,
que não informou quantos jatos
170 seriam entregues em 2003, a
empresa teve que remanejar sua
frota de aviões por causa do atraso anunciado pela Embraer.
Além dos jatos 170, a Swiss tem
com a Embraer contratos para a
aquisição de jatos 195 (30 pedidos
firmes e 50 compras).
O Embraer 170 é a grande aposta da empresa no mercado de jatos regionais de pequeno e médio
porte. O modelo foi projetado para concorrer com os jatos do mesmo tipo comercializados pela
Bombardier, seu principal concorrente. No desenvolvimento da
aeronave foram investidos cerca
de US$ 850 milhões.
O protótipo do jato 170 já apresentou, pelo menos, duas panes
desde o seu lançamento. O primeiro problema ocorreu no dia
do vôo inaugural, em 18 de fevereiro deste ano. Na ocasião, o FTI
(Fly Test Instrumentation), um
equipamento parecido com um
pára-quedas acoplado à cauda da
aeronave, não funcionou.
A segunda pane ocorreu no mês
de setembro deste ano, durante
um teste de solo na pista da unidade de Gavião Peixoto (SP). A
aeronave derrapou e a parte inferior do jato, que se arrastou pela
pista, foi danificada.
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