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Correção equivale a 0,9% do PIB
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os R$ 14 bilhões que o governo
considera necessários para estender a correção de aposentadorias
a todos os que têm direito equivalem a 0,9% do PIB e podem se
transformar em um novo "esqueleto" a ser incorporado aos passivos do governo federal.
Cálculo da consultoria Tendências aponta que a extensão do benefício, somada a outras pendências previdenciárias previstas na
LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), poderá levar ao aumento
da dívida pública em 1,9% do PIB
(Produto Interno Bruto) em 2004.
Os R$ 14 bilhões estimados pelo
ministro da Previdência, Ricardo
Berzoini, seriam somados a R$
14,6 bilhões, o que daria um total
de R$ 28,6 bilhões, equivalentes à
alta de 1,9% da dívida.
Em seu estudo, os economistas
Julio Callegari e Christopher Garman lembram que o pagamento
da correção dos benefícios de
agora em diante levaria ao aumento de mais R$ 2 bilhões ao
ano nas despesas primárias.
"Isso torna mais complicado
ainda a geração do superávit primário (a poupança que o governo
faz para o pagamento de juros da
dívida pública)", sustentam.
Mas os próprios economistas
fazem ressalva: a da possibilidade
de que a incorporação do novo
"esqueleto" ocorra de forma parcelada, "sem que haja um salto
instantâneo na dívida líquida".
As movimentações nesse sentido começaram ontem, com a edição de uma medida provisória
que prorroga por cinco anos (até
2008) o prazo para que os aposentados possam recorrer à Justiça
com pedido de revisão dos benefícios. Originalmente, o prazo se
esgotaria ontem.
"Não deixa de ser preocupante
o fato de que o governo não tenha
explicitado os potenciais impactos disso na LDO. O Brasil continua surpreendendo os investidores com sobressaltos no valor de
sua dívida", diz o informe preparado pela Tendências.
Poder de barganha
O economista Raul Velloso, especialista em contas públicas, argumenta ser impossível calcular o
montante total do "esqueleto" da
correção dos benefícios. ""Pode
ser mais ou menos esses R$ 14 bilhões. Dependerá do número de
aposentados que vão recorrer, do
poder de barganha do governo.
Pode ser que o governo consiga
alguma redução nos valores da
correção", afirma Velloso. Nos últimos três meses foi encaminhado
1 milhão de ações com pedido de
revisão aos juizados previdenciários, segundo o governo. Juízes
estimam entre dois e quatro milhões o número de aposentados
que teriam direito à revisão.
"Toda vez que aparece um esqueleto "negativo" como esse, o
governo vai atrás de um esqueleto
"positivo" para compensar", diz
Velloso, em alusão a possíveis
movimentações da Receita Federal em busca de recebíveis na chamada dívida tributária ativa.
"O governo tentará postergar ao
máximo o pagamento da dívida e
dos benefícios mais elevados", dizem os economistas da Tendências.
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