São Paulo, segunda-feira, 21 de novembro de 2005

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MERCADO FINANCEIRO

Taxa deve cair de 19% para 18,5% em reunião do Copom que começa amanhã; poucos apostam em corte de 0,75

Analistas esperam queda de 0,5 ponto no juro

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma queda de 0,5 ponto percentual dos juros é a expectativa predominante entre analistas do mercado financeiro para a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), na quarta-feira. Caso as projeções se confirmem, a taxa, hoje em 19%, cairia para 18,5% ao ano.
Muitos analistas ressaltam que vêem uma possibilidade pequena de o BC (Banco Central) promover um corte mais agressivo, de 0,75 ponto percentual. As projeções da inflação para 2005 e 2006 estão convergindo para as metas.
O declínio dos preços internacionais de petróleo e a queda do dólar reduziram parte da incerteza remanescente sobre o cenário externo e a possibilidade de pressões de custo. Além disso, dados de produção industrial mostram desaceleração nos últimos meses.
Para alguns economistas, porém, ainda não há dados suficientes para acreditar que esteja havendo um desaquecimento que possa contaminar o quarto trimestre de forma mais aguda.
"O BC vai esperar os números do PIB do terceiro trimestre no final deste mês e os dados de produção de outubro para decidir se corta mais rápido ou não", diz Marcelo Salomon, do Unibanco, que estima meio ponto percentual de redução de juros. Economistas do Bradesco, Octavio de Barros, e do Banco Real ABN Amro também afirmam esperar que a opção do Banco Central será trazer a taxa de juros para 18,5%.
As expectativas inflacionárias para 2006 permaneceram estáveis desde a última reunião do Copom, mas a inflação acelerou-se mais do que o esperado em outubro. Por esse conjunto de fatores, a maioria dos analistas aposta que a aceleração da queda de juros poderá ocorrer nos próximos meses, mas que é pouco provável que aconteça já nesta semana.
"Estamos com 50 pontos de corte. A atividade industrial vem fraca, mas o comércio está melhor, com a recuperação da renda. A combinação de renda em alta e pressão de oferta tende a deixar o BC mais avesso a cortes mais agressivos", diz Caio Megale, economista da Mauá Investimentos. Os aumentos das taxas de juros desde setembro 2004 estão surtindo efeito sobre a inflação.
"A desindexação das tarifas de telefonia e de distribuição de energia no ano que vem deverão corroborar nessa direção. Sem contar a dinâmica da curva de juros americana está tranqüila nesse momento", lembra Mohamed Mourabet, do Victoire Finance Capital, para quem existe uma boa probabilidade de que o BC seja mais agressivo e reduza os juros em 0,75 ponto percentual.
Críticas de membros do governo à equipe econômica também não ajudam a apressar os cortes.
"Com as fricções políticas existentes no Brasil, com o ministro Palocci [da Fazenda] e a ministra Dilma Rousseff, [da Casa Civil]), um movimento agressivo pode sinalizar que se sucumbiu a pressões", diz Mourabet.

Queda maior?
"Provavelmente, o Copom cortará meio ponto, mas o BC deveria cortar 1,5, enquanto o cenário internacional é benigno e as pressões políticas sobre a política econômica se intensificam. Essa calmaria não vai continuar em 2006", diz Marcelo Ribeiro, da Pentágono Asset Management.
Solange Srour Chachamovitz, da Mellon Global Investments também espera corte de meio ponto, com "uma probabilidade pequena de redução de 0,75 ponto percentual".


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