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BNDES obtém mais R$ 11 bi do governo
R$ 6 bi virão da retenção de lucros e dividendos, que antes seriam repassados ao Tesouro, e R$ 5 bi do Banco Mundial
Repasses do governo ao banco de fomento agora somam R$ 61,8 bi; demanda por créditos subiu com secura no mercado privado
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal fará novos
repasses para elevar o orçamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), no valor
de R$ 11 bilhões.
Os recursos virão de um empréstimo da União com o Banco Mundial, de US$ 5 bilhões,
ainda neste ano, e R$ 6 bilhões
de lucros e dividendos que deveriam ser pagos ao Tesouro
Nacional, mas serão revertidos
para novos empréstimos para
empresas, com juros equivalentes à TJLP (Taxa de Juros de
Longo Prazo), de 6,25%.
Com a escassez de crédito no
mercado financeiro internacional, a procura por recursos do
BNDES explodiu.
No início do ano, a demanda
dos empresários já era elevada
por causa do crescimento econômico. O presidente do banco,
Luciano Coutinho, dizia, em janeiro, precisar de R$ 90 bilhões
para atender aos projetos de investimento das empresas e
obras de infra-estrutura. Agora, os projetos já aprovados somam R$ 120 bilhões.
Todos os repasses do governo ao banco estatal deste ano
agora somam R$ 61,8 bilhões, o
que já inclui os recursos novos
anunciados ontem.
A autorização para o empréstimo com o Banco Mundial a
ser repassado ao BNDES estará
na medida provisória que anistia parte da dívida ativa com o
governo federal, que deverá ser
publicada hoje no "Diário Oficial" da União.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, explicou ontem
que será mais rápido o governo
tomar o empréstimo de R$ 5 bilhões com o organismo internacional, mas o BNDES também poderia fazer a operação
diretamente.
Para repassar os recursos para o BNDES, o governo fará
também um empréstimo ao
banco, mas desta vez vai cobrar
os mesmos juros que pagará ao
Banco Mundial, de Libor- taxa
de referência no mercado financeiro internacional, próxima de 3% ao ano-, mais 1%.
"É normal que o BNDES capte recursos do Banco Mundial
ou do BID. Será mais ágil conseguir o empréstimo para a
União", afirmou o ministro.
Mantega acrescentou que os
recursos novos deverão ser
usados prioritariamente nas linhas de crédito ligadas à exportação.
O ministro afirmou que sairá
"em breve" a resolução do Banco Central que libera R$ 10 bilhões do compulsório dos bancos para que possam emprestar
ao banco estatal, conforme antecipou a Folha.
Quando estiver regulamentado, as instituições financeiras privadas poderão comprar
títulos do BNDES.
Mantega disse ainda que,
deste volume do compulsório,
a Caixa Econômica Federal já
se comprometeu a usar R$ 4 bilhões.
O dinheiro será destinado a
linhas de empréstimos-ponte,
um financiamento para empresas que estejam iniciando um
projeto e precisam de recursos
de curto prazo e no futuro podem se converter em um crédito de longo prazo.
Na semana passada, Luciano
Coutinho informou que uma
parte destes empréstimos-ponte serão usados para financiar a construção das linhas de
transmissão de energia das hidrelétricas do rio Madeira,
uma das principais obras previstas no PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento).
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