São Paulo, sexta-feira, 21 de novembro de 2008

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BNDES obtém mais R$ 11 bi do governo

R$ 6 bi virão da retenção de lucros e dividendos, que antes seriam repassados ao Tesouro, e R$ 5 bi do Banco Mundial

Repasses do governo ao banco de fomento agora somam R$ 61,8 bi; demanda por créditos subiu com secura no mercado privado

JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo federal fará novos repasses para elevar o orçamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), no valor de R$ 11 bilhões.
Os recursos virão de um empréstimo da União com o Banco Mundial, de US$ 5 bilhões, ainda neste ano, e R$ 6 bilhões de lucros e dividendos que deveriam ser pagos ao Tesouro Nacional, mas serão revertidos para novos empréstimos para empresas, com juros equivalentes à TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), de 6,25%.
Com a escassez de crédito no mercado financeiro internacional, a procura por recursos do BNDES explodiu.
No início do ano, a demanda dos empresários já era elevada por causa do crescimento econômico. O presidente do banco, Luciano Coutinho, dizia, em janeiro, precisar de R$ 90 bilhões para atender aos projetos de investimento das empresas e obras de infra-estrutura. Agora, os projetos já aprovados somam R$ 120 bilhões.
Todos os repasses do governo ao banco estatal deste ano agora somam R$ 61,8 bilhões, o que já inclui os recursos novos anunciados ontem.
A autorização para o empréstimo com o Banco Mundial a ser repassado ao BNDES estará na medida provisória que anistia parte da dívida ativa com o governo federal, que deverá ser publicada hoje no "Diário Oficial" da União.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, explicou ontem que será mais rápido o governo tomar o empréstimo de R$ 5 bilhões com o organismo internacional, mas o BNDES também poderia fazer a operação diretamente.
Para repassar os recursos para o BNDES, o governo fará também um empréstimo ao banco, mas desta vez vai cobrar os mesmos juros que pagará ao Banco Mundial, de Libor- taxa de referência no mercado financeiro internacional, próxima de 3% ao ano-, mais 1%.
"É normal que o BNDES capte recursos do Banco Mundial ou do BID. Será mais ágil conseguir o empréstimo para a União", afirmou o ministro.
Mantega acrescentou que os recursos novos deverão ser usados prioritariamente nas linhas de crédito ligadas à exportação.
O ministro afirmou que sairá "em breve" a resolução do Banco Central que libera R$ 10 bilhões do compulsório dos bancos para que possam emprestar ao banco estatal, conforme antecipou a Folha.
Quando estiver regulamentado, as instituições financeiras privadas poderão comprar títulos do BNDES.
Mantega disse ainda que, deste volume do compulsório, a Caixa Econômica Federal já se comprometeu a usar R$ 4 bilhões.
O dinheiro será destinado a linhas de empréstimos-ponte, um financiamento para empresas que estejam iniciando um projeto e precisam de recursos de curto prazo e no futuro podem se converter em um crédito de longo prazo.
Na semana passada, Luciano Coutinho informou que uma parte destes empréstimos-ponte serão usados para financiar a construção das linhas de transmissão de energia das hidrelétricas do rio Madeira, uma das principais obras previstas no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).


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