São Paulo, sexta-feira, 21 de novembro de 2008

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Deflação realimenta fuga para segurança, e títulos do Tesouro dos EUA já pagam 0%

DO "FINANCIAL TIMES"

Temores de uma recessão severa abalaram novamente os mercados financeiros ontem com dados ruins de desemprego nos Estados Unidos levando as taxas de juros de longo prazo na maior economia do mundo a recordes de baixa.
Notícias econômicas ao redor do mundo ontem foram uniformemente ruins, como a queda das exportações japonesas, ameaçando intensificar ainda mais a recessão do país asiático, e a redução inesperada da taxa de juros suíça em um ponto percentual, para tentar conter a desaceleração. Na China, autoridades alertaram de que as perspectivas de emprego são "sombrias", com a crise financeira global causando mais fechamento de fábricas no setor exportador.
"Isso tudo está ligado à deflação", disse Alan Ruskin, estrategista da RBS Greenwich Capital. "Os índices podem cair e ficar baixos por longo período."
Além do anúncio de anteontem da queda recorde na inflação americana em um mês, o risco crescente de um danoso ciclo deflacionário detonou uma venda generalizada de ações e levou o preço do petróleo para abaixo de US$ 50 pela primeira vez desde 2005.
"Por algum tempo a questão foi se a deflação seria do tipo benigna, com o recuo nas commodities estimulando o consumo, ou uma espiral maligna, de preços em queda elevando o endividamento", afirmou Julian Jessop, economista da consultoria Capital Economics. "Os números agora apontam para o tipo maligno."
O espectro da deflação levou os títulos dos governos nos EUA e na Europa a baixas históricas ontem, com investidores nervosos buscando nesses papéis soberanos proteção contra a turbulência que derruba ações e outros ativos.
Alguns títulos do Tesouro americano de curto prazo foram cotados a 0%, enquanto os de dois e 30 anos registraram os menores juros desde que passaram a ser emitidos regularmente, nos anos 1970. O título de cinco anos estava no menor nível desde 1954. No Reino Unido, o título de dois anos baixou ao seu menor nível desde a Segunda Guerra (1939-45).
"Com os últimos dados de deflação, não só nos EUA mas globalmente, o mundo está começando a erguer um cenário deflacionário de estilo japonês", disse Jim Caron, do banco americano Morgan Stanley.


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