São Paulo, sexta-feira, 21 de novembro de 2008

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Bolsa dos EUA perde 10% em dois dias

Índice S&P 500 cai para o menor nível desde 1997, com piora do mercado de trabalho e adiamento da ajuda às montadoras

Na semana passada, 542 mil americanos solicitaram o auxílio-desemprego, o maior números de novos pedidos em mais de 16 anos

DA REDAÇÃO

Com o mercado de trabalho dos Estados Unidos mostrando que continua a se enfraquecer e a indicação de que a ajuda para as montadoras norte-americanas não vai sair pelo menos neste mês, o principal índice da Bolsa de Nova York teve a sua quinta maior queda neste ano e o seu maior recuo em dois dias em 21 anos. Já o índice S&P 500, mais amplo, caiu para o seu menor nível desde 1997.
O índice Dow Jones, o mais importante do mercado nova-iorquino, recuou 5,56%, com a maior parte da queda concentrada na hora final do pregão, e fechou em 7.552,29 pontos. Nos dois últimos dias, ele se desvalorizou em 10,35%, a maior queda em dois dias desde outubro de 1987, na época do crash da Bolsa de Nova York. Há duas semanas, o Dow Jones, que é composto por 30 companhias, acumulou desvalorização de 9,66% em dois dias.
As maiores quedas do dia foram as das ações do Citigroup e do JPMorgan Chase, que se desvalorizaram em, respectivamente, 26,41% e 17,88%. "Isso [a queda] não se trata de fundamentos nem de péssimos balanços. É uma questão de medo e confiança", afirmou James Paulsen, estrategista da Wells Capital Management.
Já o S&P 500, que é composto por 500 grandes empresas, recuou 6,71% e chegou aos 752,44 pontos, nível que ela não alcançava desde 1997. Nem mesmo na última recessão dos EUA, em 2001, o índice teve uma pontuação tão baixa. A Nasdaq, de empresas de alta tecnologia, caiu 5,07%.
Um dos fatores que contribuíram para a queda de ontem foi a divulgação dos dados de seguro-desemprego, com mais americanos pedindo o auxílio. Na semana passada, 542 mil pessoas solicitaram o auxílio, 15 mil a mais que na semana anterior, e o maior número de novos pedidos desde julho de 1992. Porém, o dado de 16 anos foi motivado por demissões temporárias da General Motors. Excluindo aquela semana, o resultado deste mês é o pior desde 1982, quando os EUA passavam por um período de recessão que durou 16 meses.
O número de pessoas que recebem o auxílio chegou a 4,012 milhões na semana encerrada no dia 8, que é o maior também desde 1982. A taxa de desemprego dos EUA foi de 6,5% no mês passado, a maior em 14 anos, e, desde então, várias empresas, como o Citigroup (que anunciou o corte de 52 mil vagas globais), vêm intensificando as suas demissões.
Com o aumento no número de pedidos, o Congresso norte-americano aprovou ontem uma ampliação do período em que as pessoas recebem o auxílio.
As Bolsas americanas chegaram a ter um período positivo ontem, com a perspectiva de que o Congresso pudesse aprovar logo um pacote bilionário de ajuda para o setor automotivo, depois que um grupo de políticos democratas e republicanos disse que chegou a um acordo. Mas, pouco depois, líderes democratas disseram que a discussão sobre o projeto só ocorrerá no mês que vem.
A presidente do Congresso, Nancy Pelosi, e o líder democrata no Senado, Harry Reid, afirmaram que a discussão da ajuda só acontecerá se a GM, a Ford e a Chrysler apresentarem um plano "viável", que apresente mudanças que mostrem que elas poderão voltar a ser competitivas.
Em mais um sinal dos problemas do setor, a GMAC, a financeira da GM e do fundo Cerberus, pediu ao BC dos EUA para se tornar banco, o que facilitará seu acesso aos fundos de ajuda da entidade.


Com agências internacionais


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