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Governo prepara desoneração para construção popular
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo prepara novas medidas para desonerar de tributos a
compra de material de construção para habitações de baixa renda e tentar fazer com que o setor
da construção civil reverta o fraco
desempenho deste ano.
Segmento estratégico para a geração de empregos, a construção
civil deverá encerrar 2005 com
um aumento na produção de apenas 0,9%, de acordo com as projeções da CBIC (Câmara Brasileira
da Indústria da Construção).
O presidente da CNI (Confederação Nacional das Indústrias),
deputado Armando Monteiro
Neto (PTB-PE), disse que já há algum tempo vem sendo discutida
a desoneração de insumos e matérias-primas do setor, desde que
sejam usados na construção de
habitações voltadas para a população de baixa renda.
A idéia é criar uma cesta de materiais que têm forte impacto no
custo final dos imóveis, como cimento e areia. Com isso, o governo acredita que será possível retomar os investimentos que o setor
privado engavetou.
A expectativa é que as medidas
saiam no início de 2006. A preocupação do governo em dar estímulos para o setor produtivo retomar os projetos de investimento é grande. O baixo nível da taxa
de investimento no país é um dos
fatores que impedem crescimento mais forte da economia, sem
pressões na inflação.
Os empresários reclamam da
política monetária, que fez com
que a economia recuasse 1,2% no
terceiro trimestre deste ano, e da
contenção dos investimentos do
setor público.
Longo prazo
A manutenção da TJLP (Taxa de
Juros de Longo Prazo), que serve
de referência para os empréstimos do BNDES, tem sido outro
alvo de críticas e de estudos por
parte da área econômica.
Há mais de um ano a taxa está
no mesmo patamar. Amanhã, o
Conselho Monetário Nacional
(CMN) terá que definir o novo valor, que irá vigorar a partir de janeiro de 2006 até março, já que a
taxa é fixada trimestralmente.
O presidente do BNDES, Guido
Mantega, vem fazendo pressão
para que a taxa caia. No entanto,
ainda há uma forte resistência
dentro da equipe econômica, que
defende que a TJLP não pode estar tão descasada da taxa Selic,
que serve de parâmetro para toda
economia.
Por isso, desde a semana passada, o Ministério da Fazenda e o
Banco Central avaliam alternativas para estimular o investimento. A intenção, com isso, seria
manter o valor atual da TJLP e dar
como compensação uma redução
da carga de impostos nos financiamentos de projetos de investimento.
A idéia ainda é polêmica dentro
do governo. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, tem sido favorável a uma redução da
TJLP. No entanto, ele não descarta que uma desoneração possa ser
mais estimulante para o setor
produtivo, com um custo até menor para área econômica.
Hoje, Palocci se reúne com representantes do setor produtivo
para tratar dessas questões. O presidente da CBIC, Paulo Safady Simão, vai pedir que as medidas de
estímulo ao setor da construção
sejam aceleradas.
Safady e Monteiro também afirmam que uma desoneração das
linhas de financiamento seriam
muito positivas para o empresariado. Nos cálculos do presidente
da CNI, a redução dos impostos
que incidem sobre os empréstimos produtivos poderiam diminuir entre 30% a 40% a diferença
entre o custo de captação do
BNDES e o valor que o banco cobra dos seus clientes.
SHEILA D"AMORIM
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